São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
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Cresce risco de bancos argentinos

ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires

A agência de qualificação de risco Moody's colocou em observação 12 bancos argentinos e os títulos da dívida externa de longo prazo do país.
A decisão significa que a agência está considerando possível rebaixar a nota dessas instituições e dos bônus argentinos.
A Moody's afirmou que a dificuldade de acesso ao financiamento externo, que deverá continuar pelos próximos meses, justifica o prognóstico negativo.
Desde do final de abril, o prêmio cobrado pelos investidores para comprar títulos argentinos aumentou 40%, estando agora cerca de dez pontos percentuais acima dos juros dos títulos do tesouro norte-americano.
No início de julho, a agência já havia colocado em observação a qualificação do país, usando a mesma justificativa. Na ocasião, o relatório da Moody's previa a piora das contas públicas e aumento das taxas de juros para o país, com o aprofundamento da recessão.
Entre os 12 bancos listados, encontram-se as cinco maiores instituições do país: La Nacion, Banco Francês, Banco da Província de Buenos Aires, Banco Galícia e o Rio de La Plata.
Segundo o diretor-executivo do Bozano, Simonsen, Luiz Pretti, a decisão de observar os bancos é consequência lógica do prognóstico negativo para o próprio país. "Se a Argentina está em observação, as instituições financeiras do país também precisam ser analisadas", afirmou Pretti.
Na opinião de Carlos Pérez, diretor-executivo da consultora Fundação Capital, a decisão da Moody's não é surpresa. "O aumento do risco país, refletido na alta dos juros, indicava que o anúncio de rever as notas da Argentina era provável", afirmou Pérez.
No exterior, os principais títulos da dívida externa argentina apresentaram pequenas baixas. A maioria caiu menos de 1%, mas o Global, com vencimento em 2001, desvalorizou cerca de 3,5%.
Com a notícia da Moody's, a Bolsa de Buenos Aires, que operava em alta, também passou a cair. No final do dia, fechou em baixa de 0,44%, aos 472 pontos.
"A reação não foi exagerada, pois no início de julho já havia sido anunciada a possível rebaixa da nota do país, o que é muito mais importante", disse Luciano Rolón, analista de mercado da corretora Allaria Ledesma.


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