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BANCOS
Valor será destinado a empréstimos, cuja demanda deve aumentar 25% em 2004, segundo projeção da instituição
Bradesco faz captação de US$ 500 milhões
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
À espera de um forte crescimento de 25% na demanda por crédito em 2004, o Bradesco concluiu
ontem uma emissão de dívida externa no valor de US$ 500 milhões. O plano original era levantar US$ 300 milhões, mas a demanda superior a US$ 800 milhões incentivou a instituição a
aumentar a oferta de papéis.
A operação foi uma emissão da
chamada dívida subordinada,
que pode ser incorporada ao patrimônio líquido. O dinheiro entra no balanço do banco como capital e aumenta sua capacidade de
oferecer empréstimos. Já os credores de uma dívida subordinada
são os últimos, antes apenas dos
acionistas, a receber seus recursos
em caso de falência.
"A dívida subordinada nos dá
uma margem maior para alavancagem [conceder empréstimos].
Como estamos esperando um
crescimento de 25% das operações de crédito em 2004, esse dinheiro será destinado a crédito",
diz José Guilherme Lembi, diretor-executivo do Bradesco.
O Bradesco pagará juros anuais
de 8,875%, e o prazo do empréstimo, coordenado pelo banco Merrill Lynch, é de dez anos. A taxa é
inferior aos 9,7% pagos pelos títulos de dívida externa também
com vencimento em 2013. Além
disso, a operação oferece aos credores seguro contra risco político.
Foi a maior emissão de dívida
subordinada feita por um banco
de país emergente e a maior captação de instituição financeira no
país em 2003.
Pelas contas de Lembi, os US$
500 milhões representarão cerca
de R$ 1,5 bilhão no ano que vem.
Pelas regras da Basiléia -que regulam a exposição que instituições financeiras podem ter a operações de risco-, um banco pode
emprestar até nove vezes o valor
de seu patrimônio líquido.
Com isso, a emissão de ontem
aumentará em cerca de R$ 13,5 bilhões a capacidade do Bradesco
de conceder financiamentos. O
valor equivale a 25% da carteira
de crédito do banco, hoje em R$
52 bilhões, e bate com a previsão
de crescimento das operações de
financiamento esperadas pelo
banco em 2004.
"Ainda estamos longe do nosso
limite de alavancagem. Terminamos o primeiro semestre com um
índice de Basiléia de 14,2%, enquanto o mínimo permitido pelo
Banco Central é 11%. Mas, como
esperamos que a tendência de expansão por demanda de crédito
continue em 2005, já estamos nos
prevenindo, para ter uma margem", afirma Lembi.
No mercado, especula-se que,
enquanto a maior demanda por
crédito não vem, os recursos serão usados pelo Bradesco para adquirir títulos da dívida externa do
Brasil, já que banco vem se destacando nas compras desses papéis.
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