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São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2003

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BANCOS

Valor será destinado a empréstimos, cuja demanda deve aumentar 25% em 2004, segundo projeção da instituição

Bradesco faz captação de US$ 500 milhões

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

À espera de um forte crescimento de 25% na demanda por crédito em 2004, o Bradesco concluiu ontem uma emissão de dívida externa no valor de US$ 500 milhões. O plano original era levantar US$ 300 milhões, mas a demanda superior a US$ 800 milhões incentivou a instituição a aumentar a oferta de papéis.
A operação foi uma emissão da chamada dívida subordinada, que pode ser incorporada ao patrimônio líquido. O dinheiro entra no balanço do banco como capital e aumenta sua capacidade de oferecer empréstimos. Já os credores de uma dívida subordinada são os últimos, antes apenas dos acionistas, a receber seus recursos em caso de falência.
"A dívida subordinada nos dá uma margem maior para alavancagem [conceder empréstimos]. Como estamos esperando um crescimento de 25% das operações de crédito em 2004, esse dinheiro será destinado a crédito", diz José Guilherme Lembi, diretor-executivo do Bradesco.
O Bradesco pagará juros anuais de 8,875%, e o prazo do empréstimo, coordenado pelo banco Merrill Lynch, é de dez anos. A taxa é inferior aos 9,7% pagos pelos títulos de dívida externa também com vencimento em 2013. Além disso, a operação oferece aos credores seguro contra risco político.
Foi a maior emissão de dívida subordinada feita por um banco de país emergente e a maior captação de instituição financeira no país em 2003.
Pelas contas de Lembi, os US$ 500 milhões representarão cerca de R$ 1,5 bilhão no ano que vem. Pelas regras da Basiléia -que regulam a exposição que instituições financeiras podem ter a operações de risco-, um banco pode emprestar até nove vezes o valor de seu patrimônio líquido.
Com isso, a emissão de ontem aumentará em cerca de R$ 13,5 bilhões a capacidade do Bradesco de conceder financiamentos. O valor equivale a 25% da carteira de crédito do banco, hoje em R$ 52 bilhões, e bate com a previsão de crescimento das operações de financiamento esperadas pelo banco em 2004.
"Ainda estamos longe do nosso limite de alavancagem. Terminamos o primeiro semestre com um índice de Basiléia de 14,2%, enquanto o mínimo permitido pelo Banco Central é 11%. Mas, como esperamos que a tendência de expansão por demanda de crédito continue em 2005, já estamos nos prevenindo, para ter uma margem", afirma Lembi.
No mercado, especula-se que, enquanto a maior demanda por crédito não vem, os recursos serão usados pelo Bradesco para adquirir títulos da dívida externa do Brasil, já que banco vem se destacando nas compras desses papéis.


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