São Paulo, quinta, 22 de janeiro de 1998.



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MONTADORAS
Estado cobrirá a diferença entre a inflação e os juros do BNDES
Rio subsidia empréstimo de US$ 300 mi à Peugeot

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O governo do Rio vai subsidiar o empréstimo de US$ 300 milhões que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou ontem para o grupo Peugeot Citroën instalar uma fábrica de automóveis no município de Porto Real (a cerca de 150 km do Rio).
O governo do Estado cobrirá a diferença entre a inflação anual medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e os juros cobrados pelo banco para a metade do valor do empréstimo (US$ 150 milhões), mas só até o limite da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais 3,5%.
A TJLP, indexador básico dos empréstimos do BNDES, varia a cada três meses e está atualmente em 9,89%, enquanto o IGP-M acumulou no ano passado variação de 7,74%. O BNDES cobra uma sobretaxa nos seus empréstimos que pode chegar a 5% ao ano.
O banco não revelou o percentual da sobretaxa do empréstimo ao grupo Peugeot Citroën.
Considerando a sobretaxa de 3,5%, caso o empréstimo tivesse sido feito no início de janeiro de 97, o Estado teria arcado com cerca de US$ 9 milhões. Esse valor equivale a 750 unidades do Peugeot 106 Soleil XT, o carro da marca mais barato no mercado brasileiro (US$ 11.990 por veículo).
Segundo cálculo de um especialista, considerando um prazo de amortização de dez anos para o empréstimo e com a manutenção da estabilidade da economia, o Rio bancaria para o grupo francês cerca de US$ 50 milhões em juros.
O empréstimo do BNDES foi aprovado no começo da noite de ontem. O valor de US$ 300 milhões levará três anos e meio para ser liberado. Haverá seis meses de carência e sete anos para o pagamento do empréstimo.
Sem contar o subsídio estadual aos juros, o governo do Rio e o BNDES financiarão, no conjunto, 67,5% do investimento total da Peugeot, via empréstimo e participação acionária. Eles entrarão com US$ 405 milhões, de um total de US$ 600 milhões.
O Estado do Rio entrará com US$ 105 milhões para assumir 35% do capital da empresa, programada para produzir 70 mil automóveis por ano a partir do ano 2000.
O diretor de operações da Codin (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro), Maurício Chacur, disse que vale o esforço. A fábrica vai gerar 2.500 empregos diretos e cerca de 10 mil indiretos, devendo atrair 40 outras fábricas para o Estado.



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