DA REPORTAGEM LOCAL

A aceleração da inflação no ano passado engoliu as taxas de juros reais do Brasil. De 9,3% em outubro, as taxas recuaram para 5,8% em dezembro. Desde que a consultoria Global Invest começou a realizar sua pesquisa, em abril de 98, o Brasil nunca registrou juros reais tão baixos.
Nem mesmo com as últimas elevações da Selic (taxa básica de juros) realizadas em 2002 os juros reais do país se mantiveram em alta, devido à inflação recorde acumulada no ano passado. A Selic subiu para 25% anuais em dezembro. O cálculo do juro real se baseia na taxa nominal estabelecida pelo Banco Central mensalmente, acumulada nos últimos 12 meses, e desconta a inflação registrada no período.
Dentre os 40 países que abrange o levantamento da consultoria, o Brasil ocupa a 3ª posição entre os que têm as maiores taxas reais de juros. Durante todo o período em que a pesquisa tem sido realizada, o Brasil é o único a ficar sempre entre os quatro primeiros no ranking que considera os países que têm as taxas reais mais elevadas.
A Turquia encerrou o ano passado como o país que tem o maior juro real (12,5%). A deflação que o país registra desde o início do ano passado, somada às altas taxas nominais praticadas, explicam a liderança da Turquia no ranking. Durante 2002, a taxa média nominal de juros da Turquia ficou em 45,3% ao ano. A taxa média brasileira foi de 19,5% anuais.
A Polônia aparece com a segunda maior taxa real, de 9,1%. O país também passa por um processo deflacionário há alguns meses.
Quando comparado a outros países emergentes, o juro real do Brasil mostra o quanto ainda é elevado. A taxa de juro real média de um conjunto de 23 países emergentes está em 1,7%. A taxa média dos países desenvolvidos é de 0,7%.
Segundo profissionais do mercado financeiro, as taxas de juros reais médias praticadas no Brasil entre 95 e 98 ficaram em torno dos 22% ao ano, muito acima dos níveis atuais. Isso se explica pelas taxas de inflação menores registradas no período.
(FABRICIO VIEIRA)


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