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São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Ação do Banco Central, que teria vendido US$ 50 mi, não contém alta do dólar; moeda sobe 2,2%

BC faz a 1ª intervenção do governo Lula

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

A pouca liquidez no mercado e a crise internacional em razão da Venezuela e do Iraque fizeram o dólar fechar em alta de 2,2%, cotado a R$ 3,485. É a terceira valorização consecutiva da moeda norte-americana, que desde sexta-feira já subiu 5,45%.
Mesmo com a venda de dólares do BC (Banco Central), a primeira desde que Henrique Meirelles assumiu a instituição e a primeira do governo Lula, a moeda não interrompeu sua trajetória de alta. O BC não informou o montante vendido, mas, segundo operadores de câmbio, a intervenção ficou em torno de US$ 50 milhões.
O C-Bond, principal título da dívida brasileira transacionado no exterior, terminou o dia em queda de 2,76%. O risco-país subiu para 1.360 pontos, alta de 4,37% em relação ao fechamento anterior.
Segundo Marco Maciel, economista-chefe do banco Santos, atualmente há mais bancos interessados em comprar do que em vender dólares. "Em um cenário de guerra, muitas empresas procuram "hedge" [proteção contra a oscilação da moeda norte-americana]. Como o mercado está com pouca liquidez, qualquer operação faz a moeda subir", disse Maciel.
Hoje também é a data de resgate de aproximadamente US$ 157 milhões em títulos da dívida cambial do governo que não foram renegociados. Esse valor será pago de acordo com o Ptax (preço médio diário do dólar medido pelo BC) de ontem, e, segundo operadores, a alta também foi influenciada pelo vencimento.
Além disso, o Banco do Brasil possui US$ 100 milhões em eurobonds que vencem hoje. Embora muitos estivessem esperando, o banco ainda não anunciou nenhuma captação externa neste ano, e os títulos devem ser pagos.
"Muitas pessoas perceberam que o dólar a R$ 3,28 estava em um piso muito baixo. A lua-de-mel do início do ano veio muito rápido, sem praticamente nenhuma medida concreta. Com a piora das perspectivas internacionais, a demanda por dólar aumentou", afirmou Maciel.
Segundo Hélio Osaki, analista da corretora Finambras, ainda é cedo para dizer que há uma "corrida pelo dólar", como ocorreu na época da tensão pré-eleitoral. "Mas os ruídos com relação ao comportamento de integrantes do PT e os dilemas ideológicos que o partido deve enfrentar ainda podem trazer instabilidade. Somente quando o novo Congresso tomar posse é que o debate das reformas irá tomar corpo, e teremos maiores novidades no cenário interno", disse Osaki.


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