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MERCADO FINANCEIRO
Ação do Banco Central, que teria vendido US$ 50 mi, não contém alta do dólar; moeda sobe 2,2%
BC faz a 1ª intervenção do governo Lula
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A pouca liquidez no mercado e a
crise internacional em razão da
Venezuela e do Iraque fizeram o
dólar fechar em alta de 2,2%, cotado a R$ 3,485. É a terceira valorização consecutiva da moeda norte-americana, que desde sexta-feira já subiu 5,45%.
Mesmo com a venda de dólares
do BC (Banco Central), a primeira
desde que Henrique Meirelles assumiu a instituição e a primeira
do governo Lula, a moeda não interrompeu sua trajetória de alta.
O BC não informou o montante
vendido, mas, segundo operadores de câmbio, a intervenção ficou
em torno de US$ 50 milhões.
O C-Bond, principal título da
dívida brasileira transacionado
no exterior, terminou o dia em
queda de 2,76%. O risco-país subiu para 1.360 pontos, alta de
4,37% em relação ao fechamento
anterior.
Segundo Marco Maciel, economista-chefe do banco Santos,
atualmente há mais bancos interessados em comprar do que em
vender dólares. "Em um cenário
de guerra, muitas empresas procuram "hedge" [proteção contra a
oscilação da moeda norte-americana]. Como o mercado está com
pouca liquidez, qualquer operação faz a moeda subir", disse Maciel.
Hoje também é a data de resgate
de aproximadamente US$ 157 milhões em títulos da dívida cambial
do governo que não foram renegociados. Esse valor será pago de
acordo com o Ptax (preço médio
diário do dólar medido pelo BC)
de ontem, e, segundo operadores,
a alta também foi influenciada pelo vencimento.
Além disso, o Banco do Brasil
possui US$ 100 milhões em eurobonds que vencem hoje. Embora
muitos estivessem esperando, o
banco ainda não anunciou nenhuma captação externa neste
ano, e os títulos devem ser pagos.
"Muitas pessoas perceberam
que o dólar a R$ 3,28 estava em
um piso muito baixo. A lua-de-mel do início do ano veio muito
rápido, sem praticamente nenhuma medida concreta. Com a piora
das perspectivas internacionais, a
demanda por dólar aumentou",
afirmou Maciel.
Segundo Hélio Osaki, analista
da corretora Finambras, ainda é
cedo para dizer que há uma "corrida pelo dólar", como ocorreu na
época da tensão pré-eleitoral.
"Mas os ruídos com relação ao
comportamento de integrantes
do PT e os dilemas ideológicos
que o partido deve enfrentar ainda podem trazer instabilidade.
Somente quando o novo Congresso tomar posse é que o debate
das reformas irá tomar corpo, e
teremos maiores novidades no
cenário interno", disse Osaki.
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