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Volume de cheques devolvidos
cresce 8%
Índice de inadimplência é o 2º maior desde 1994; para economistas, aumento do desemprego deve elevar risco de atraso em pagamento
Serasa contabiliza 19,8
cheques sem fundos para
cada 1.000 compensados
em 2008; dados são piores
no Norte e no Nordeste
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
O volume de cheques devolvidos em dezembro aumentou
7,9% em relação ao mesmo mês
do ano anterior. De acordo com
a Serasa, foram contabilizados
20,2 cheques sem fundos a cada
1.000 compensados. Já na variação contra novembro, houve
queda de 6,5%.
O índice anual de 2008, que
ficou em 19,8 cheques sem fundos a cada 1.000 compensados,
apresentou acréscimo de 1,5%
sobre 2007. Foi o segundo
maior desde 1994. Carlos Henrique de Almeida, economista
da Serasa, lembra o aumento
do desemprego em dezembro,
com o fechamento de 654.946
vagas com carteira assinada, segundo dados divulgados pelo
Ministério do Trabalho. Apesar
do tombo, o saldo em 2008 foi
de 1,452 milhão de postos criados. "No primeiro trimestre, a
inadimplência deve continuar
em alta por causa da sazonalidade", afirma, referindo-se a
gastos extras nesse período
com IPVA, IPTU e compra de
material escolar, por exemplo.
Para o economista Francisco
Pessoa, consultor da LCA, o
maior risco de atraso no pagamento das contas é das pessoas
que perderam o emprego.
Mesmo as que tinham carteira assinada, que podem sacar o
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) e recebem
férias e 13º salário proporcionais ao período trabalhado, podem evitar gastar em tempos
de crise. "Com a economia fraca, há chances de o trabalhador
preferir deixar de pagar as contas para guardar o dinheiro",
diz, ressaltando ainda que o impacto da crise no mercado informal em dezembro ainda não
foi mensurado.
Os dados da Serasa mostram
ainda o ranking por local em
2008, com liderança para Roraima, que teve 79,7 cheques
devolvidos a cada 1.000 compensados, seguido de Maranhão (73,3), Acre (70,5), Amapá
(69,9) e Tocantins (58,9). No
outro extremo, São Paulo (15,3)
aparece na última colocação.
Almeida explica que, nos Estados do Norte e do Nordeste, é
mais comum que um cheque
pré-datado seja recebido sem
muitas exigências, como se fosse um pagamento à vista. "É
uma venda a prazo. O comerciante está financiando alguém
sem ter informação nenhuma."
Considerando a inadimplência dos consumidores de forma
geral, a Serasa contabilizou aumento de 8% em 2008 no confronto com 2007 e variação de
12,8% em dezembro ante o
mesmo mês do ano anterior.
Os dados do Banco Central
que contabilizaram os atrasos
acima de 90 dias das pessoas físicas no mês passado só serão
divulgados na próxima semana.
Em novembro, a inadimplência
atingiu 7,8% do volume de crédito concedido, a maior taxa
desde agosto de 2003.
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