São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

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Volume de cheques devolvidos
cresce 8%

Índice de inadimplência é o 2º maior desde 1994; para economistas, aumento do desemprego deve elevar risco de atraso em pagamento

Serasa contabiliza 19,8 cheques sem fundos para cada 1.000 compensados em 2008; dados são piores no Norte e no Nordeste

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

O volume de cheques devolvidos em dezembro aumentou 7,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior. De acordo com a Serasa, foram contabilizados 20,2 cheques sem fundos a cada 1.000 compensados. Já na variação contra novembro, houve queda de 6,5%.
O índice anual de 2008, que ficou em 19,8 cheques sem fundos a cada 1.000 compensados, apresentou acréscimo de 1,5% sobre 2007. Foi o segundo maior desde 1994. Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa, lembra o aumento do desemprego em dezembro, com o fechamento de 654.946 vagas com carteira assinada, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho. Apesar do tombo, o saldo em 2008 foi de 1,452 milhão de postos criados. "No primeiro trimestre, a inadimplência deve continuar em alta por causa da sazonalidade", afirma, referindo-se a gastos extras nesse período com IPVA, IPTU e compra de material escolar, por exemplo.
Para o economista Francisco Pessoa, consultor da LCA, o maior risco de atraso no pagamento das contas é das pessoas que perderam o emprego.
Mesmo as que tinham carteira assinada, que podem sacar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e recebem férias e 13º salário proporcionais ao período trabalhado, podem evitar gastar em tempos de crise. "Com a economia fraca, há chances de o trabalhador preferir deixar de pagar as contas para guardar o dinheiro", diz, ressaltando ainda que o impacto da crise no mercado informal em dezembro ainda não foi mensurado.
Os dados da Serasa mostram ainda o ranking por local em 2008, com liderança para Roraima, que teve 79,7 cheques devolvidos a cada 1.000 compensados, seguido de Maranhão (73,3), Acre (70,5), Amapá (69,9) e Tocantins (58,9). No outro extremo, São Paulo (15,3) aparece na última colocação.
Almeida explica que, nos Estados do Norte e do Nordeste, é mais comum que um cheque pré-datado seja recebido sem muitas exigências, como se fosse um pagamento à vista. "É uma venda a prazo. O comerciante está financiando alguém sem ter informação nenhuma."
Considerando a inadimplência dos consumidores de forma geral, a Serasa contabilizou aumento de 8% em 2008 no confronto com 2007 e variação de 12,8% em dezembro ante o mesmo mês do ano anterior.
Os dados do Banco Central que contabilizaram os atrasos acima de 90 dias das pessoas físicas no mês passado só serão divulgados na próxima semana. Em novembro, a inadimplência atingiu 7,8% do volume de crédito concedido, a maior taxa desde agosto de 2003.


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