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Carga "interna", sem exportações, já atinge 40% do PIB, diz instituto
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo inédito divulgado ontem revela que o forte aumento da
carga tributária no Brasil na última década vem sendo pago principalmente por quem trabalha e
produz internamente no país.
O resultado mostra que todos os
impostos que os exportadores
deixaram de pagar ao longo da última década foram compensados
por uma carga tributária maior
sobre quem atua exclusivamente
no mercado interno.
Excluídas as exportações, as
empresas e trabalhadores no Brasil já suportam uma carga tributária equivalente a 40,28% do PIB
(Produto Interno Bruto), um novo recorde.
A média nacional, incluindo as
exportações, é quase quatro pontos menor: atingiu 36,56% do PIB
no ano passado, segundo o novo
estudo, do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário,
entidade sem fins lucrativos que
analisa o peso dos impostos sobre
a sociedade no país).
Como as exportações estão desoneradas (com imunidade e
isenções) de impostos incidentes
sobre vendas como PIS, Cofins,
ICMS, IPI e ISS e têm crescido a
taxas superiores às do PIB, a perda de arrecadação com as vendas
externas teve de ser compensada
por outros tributos.
Folha de pagamento
Assim, segundo o IBPT, subiram mais os mesmos impostos
que continuaram onerando os exportadores e as folhas de pagamento de todas as empresas
(CPMF, IOF, Imposto de Renda
sobre a Pessoa Jurídica, CSLL).
Entre 1995 e 2004, o PIB brasileiro cresceu, em termos nominais
(sem descontar a inflação),
11,99% ao ano, em média. As exportações, por sua vez, tiveram
ritmo dobrado: 24,02%.
No mesmo período, a carga tributária média (incluindo as exportações) aumentou 7,64 pontos
percentuais. Excluídas as vendas
externas, o aumento é de 10,28
pontos percentuais.
""As exportações são indispensáveis para o crescimento da economia, mas o governo não pode
continuar sobrecarregando os setores que atuam no mercado interno e que são os maiores responsáveis pelo trabalho e consumo no país", afirma Gilberto Luiz
do Amaral, presidente do IBPT.
Embora o governo venha sustentando ter havido uma "estabilização" da carga tributária no
ano passado, o trabalho revelou
ainda que entre 2003 e 2004 teria
ocorrido um novo aumento, de
1,02 ponto percentual.
Ao contrário da Receita Federal,
o IBPT inclui no cálculo da carga
tributária nacional valores recolhidos com atraso e respectivos
juros, multas e correção monetária em todas as esferas de governo
(municipal, estadual e federal).
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