São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Previsão recua de 5,74% para 5,70%; juro real deve ser maior

Cai estimativa para inflação em 2005

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de seis meses consecutivos de elevação da taxa básica de juros (Selic), para 18,75% ao ano, o BC conseguiu obter uma pequena melhora nas expectativas do mercado financeiro sobre o comportamento da inflação em 2005.
Segundo o boletim Focus divulgado ontem pelo BC, a estimativa média dos bancos e consultorias para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2005 recuou de 5,74% para 5,70%. Duas semanas atrás, a projeção era de 5,75%. Para 2006, a estimativa não foi alterada e a projeção permaneceu em 5%.
O mercado está ainda mais otimista em relação à inflação esperada para os próximos 12 meses. De 5,74%, os especialistas ouvidos pelo BC acreditam que o IPCA agora ficará em 5,55%.
Se de um lado os bancos esperam inflação mais baixa em 2005, por outro acreditam que os juros cairão num ritmo mais lento. Até a semana passada, esperavam que a Selic chegasse ao final do ano em 16,78%. Agora já avaliam que a taxa básica encerra 2005 em 17%.
Logo, a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) também pioraria um pouco, dado que os juros mais altos aumentam os custos sobre os títulos do Tesouro Nacional. A relação dívida/PIB não mais terminaria o ano em 51,50%, mas sim em 51,60%.
Com a diminuição das projeções da expectativa de inflação para os próximos 12 meses, os juros reais tendem a subir ainda mais. Essa taxa é calculada levando em consideração os juros prefixados ("swap") de 360 dias de prazo e a expectativa de inflação para 12 meses.
Segundo Alexandre Póvoa, economista-chefe da Modal Asset, os juros reais vão subir para algo em torno dos 12,5%. Com isso, o Brasil fica isolado na liderança do ranking dos países com maiores juros reais do planeta.
Há pouco mais de três meses, essa taxa real estava abaixo dos 10%. A elevação dos juros reais pode ter um efeito negativo sobre o humor dos empresários, pois é essa taxa que analisam na hora de planejarem seus investimentos.
Por isso, ao elevar a Selic, o BC pretende que, na ponta, os juros reais aumentem e desestimulem um crescimento mais consistente da economia, que poderia resultar em mais inflação. "A queda na expectativa futura de inflação é um bom sinal. Mas não sei se o BC está satisfeito com o efeito alcançado até agora", avalia Póvoa.


Colaborou Fabricio Vieira, da Reportagem Local


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