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RECEITA ORTODOXA
Previsão recua de 5,74% para 5,70%; juro real deve ser maior
Cai estimativa para inflação em 2005
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de seis meses consecutivos de elevação da taxa básica de
juros (Selic), para 18,75% ao ano,
o BC conseguiu obter uma pequena melhora nas expectativas do
mercado financeiro sobre o comportamento da inflação em 2005.
Segundo o boletim Focus divulgado ontem pelo BC, a estimativa
média dos bancos e consultorias
para o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) em 2005 recuou de 5,74% para 5,70%. Duas
semanas atrás, a projeção era de
5,75%. Para 2006, a estimativa
não foi alterada e a projeção permaneceu em 5%.
O mercado está ainda mais otimista em relação à inflação esperada para os próximos 12 meses.
De 5,74%, os especialistas ouvidos
pelo BC acreditam que o IPCA
agora ficará em 5,55%.
Se de um lado os bancos esperam inflação mais baixa em 2005,
por outro acreditam que os juros
cairão num ritmo mais lento. Até
a semana passada, esperavam que
a Selic chegasse ao final do ano em
16,78%. Agora já avaliam que a taxa básica encerra 2005 em 17%.
Logo, a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) também pioraria um pouco, dado que os juros
mais altos aumentam os custos
sobre os títulos do Tesouro Nacional. A relação dívida/PIB não
mais terminaria o ano em 51,50%,
mas sim em 51,60%.
Com a diminuição das projeções da expectativa de inflação
para os próximos 12 meses, os juros reais tendem a subir ainda
mais. Essa taxa é calculada levando em consideração os juros prefixados ("swap") de 360 dias de
prazo e a expectativa de inflação
para 12 meses.
Segundo Alexandre Póvoa, economista-chefe da Modal Asset, os
juros reais vão subir para algo em
torno dos 12,5%. Com isso, o Brasil fica isolado na liderança do
ranking dos países com maiores
juros reais do planeta.
Há pouco mais de três meses,
essa taxa real estava abaixo dos
10%. A elevação dos juros reais
pode ter um efeito negativo sobre
o humor dos empresários, pois é
essa taxa que analisam na hora de
planejarem seus investimentos.
Por isso, ao elevar a Selic, o BC
pretende que, na ponta, os juros
reais aumentem e desestimulem
um crescimento mais consistente
da economia, que poderia resultar em mais inflação. "A queda na
expectativa futura de inflação é
um bom sinal. Mas não sei se o BC
está satisfeito com o efeito alcançado até agora", avalia Póvoa.
Colaborou Fabricio Vieira,
da Reportagem Local
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