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CONTAS EXTERNAS
Empresas aproveitam queda do dólar e enviam US$ 1,35 bi; BC muda previsão e já espera superávit em 2005
Remessa de lucros bate recorde em fevereiro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As remessas de lucros e dividendos para o exterior atingiram valores recordes no mês passado,
segundo dados do Banco Central.
A saída líquida de recursos foi de
US$ 1,348 bilhão, maior resultado
registrado no país desde setembro de 1998.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, diz que o resultado
não chega a ser surpreendente, já
que as multinacionais instaladas
no Brasil costumam concentrar
no início de cada ano o envio de
lucros às suas matrizes. O que
aconteceu, segundo Lopes, foi
que muitas empresas preferiram
antecipar essas remessas, concentrando-as em fevereiro.
Ele afirma também que o motivo dessa antecipação é, "provavelmente", o movimento da taxa de
câmbio no mês passado. Com o
real valorizado, torna-se mais
vantajoso fazer remessas para o
exterior -pois, com a mesma
quantidade de reais, é possível
comprar um volume maior de
dólares. Em fevereiro, a moeda
dos EUA chegou a ser negociada
abaixo de R$ 2,60.
Nas últimas semanas, porém, já
se observa uma redução no total
de remessas de lucros ao exterior.
De acordo com um número parcial fechado ontem, os lucros e dividendos enviados para fora do
país neste mês somam, até agora,
US$ 311 milhões.
A expectativa é que, entre janeiro e março deste ano, as remessas
cheguem a US$ 2 bilhões, um aumento de 23,7% em relação ao
mesmo período de 2004. Para Lopes, esse crescimento se explica
pela maior rentabilidade alcançada pelas empresas neste ano, conseqüência do crescimento da economia ocorrido no período.
Lopes afirma também, embora
sem citar números, que os bancos
e a indústria de alimentos e bebidas foram os setores que mais enviaram dólares para o exterior no
mês passado.
O aumento no envio de lucros e
dividendos ao exterior foi o principal responsável pela piora no resultado das contas externas em fevereiro. A conta de transações
correntes -que inclui as negociações de bens e serviços do Brasil com outros países- teve um
superávit de US$ 117 milhões no
mês passado. A expectativa de
analistas do mercado financeiro
era de que esse número chegasse a
cerca de US$ 700 milhões.
Mesmo com o resultado menos
expressivo ocorrido em fevereiro,
o BC elevou suas projeções para
os resultados das contas externas
deste ano. A previsão para o superávit em transações correntes passou para US$ 2,1 bilhões -antes
se esperava que o saldo fosse ficar
próximo de zero.
"A revisão [na estimativa] reflete o bom desempenho do comércio exterior, principalmente no
que diz respeito às exportações",
diz Lopes. Neste ano, de acordo
com os cálculos do BC, as vendas
de produtos nacionais para o exterior devem chegar a US$ 105 bilhões -contra US$ 100 bilhões
projetados anteriormente e US$
96,5 bilhões registrados ao longo
de 2004.
Já as importações devem ficar
em US$ 78 bilhões, o que resultaria num superávit comercial de
US$ 27 bilhões, um aumento de
US$ 2 bilhões em relação à estimativa anterior.
Além da balança comercial, fazem parte da conta de transações
correntes a balança de serviços e
rendas (gastos com viagens internacionais e despesas com juros da
dívida externa, entre outros itens)
e as transferências unilaterais (dinheiro enviado ao país por brasileiros que moram no exterior, e
vice-versa).
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