São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2005

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Menos empréstimo reduz dívida externa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A menor procura do setor privado por empréstimos no mercado internacional foi o principal responsável por uma redução de US$ 13,5 bilhões na dívida externa do Brasil ao longo do ano passado. Entre 2003 e 2004, o endividamento caiu de US$ 214,9 bilhões para US$ 201,4 bilhões, segundo dados do Banco Central.
A dívida do setor privado se reduziu em US$ 8,5 bilhões nesse período, graças à queda nas taxas de rolagem dos compromissos assumidos por empresas brasileiras no exterior. Em 2004, foram renovadas somente 65% das dívidas que venceram no período.
Isso significa que muitas empresas preferiram quitar seus compromissos, em vez de renová-los. Isso pode pressionar a cotação do dólar, já que, para efetuar os pagamentos, é preciso enviar recursos para fora do Brasil. Mas o movimento tem o efeito positivo de reduzir a dívida externa. Em tese, quanto menor a dívida externa, menor o gasto com juros e melhores os indicadores de vulnerabilidade externa do país.
Em dezembro passado, a dívida externa representava 22,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, a menor proporção já registrada desde 1990. Já os gastos com juros dessa dívida -que somaram US$ 14,3 bilhões em 2004- equivaliam, nessa data, a 14,8% das exportações do país, no melhor resultado desde 1973.
Uma melhora nesses indicadores pode ajudar o país a ganhar confiança de analistas do mercado financeiro, pois, em tese, sinalizam uma maior capacidade do Brasil em continuar honrando seus compromissos externos.
Do lado da dívida do setor público, houve, em 2004, uma queda de US$ 5 bilhões. Essa redução se deve, principalmente, aos pagamentos ao FMI. De todos os pacotes de ajuda recebidos desde 1998, o Brasil ainda deve cerca de US$ 24,6 bilhões ao FMI. Esse dinheiro deverá ser devolvido até 2007.
Além da dívida externa, o governo ainda tem de honrar a dívida interna, os empréstimos obtidos dentro do país -em geral, por meio da emissão de títulos públicos. Somadas, as dívidas interna e externa do setor público chegam a R$ 1,3 trilhão (ou 72% do PIB). O principal indicador fiscal do governo, porém, é a dívida líquida, que é a dívida bruta descontada dos bens que o governo possui. Em janeiro, estava em R$ 956 milhões (51,5% do PIB), mas deve ter caído em fevereiro.


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