|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO
Mão-de-obra sem registro no país chega a 49% e se aproxima do recorde de 2003; aumento do salário mínimo gera temor de inflação
Trabalho informal avança na Argentina
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O ano de 2004 terminou na Argentina com quase a metade da
mão-de-obra assalariada trabalhando sem registro. Pesquisa do
Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) divulgada na última sexta-feira aponta que subiu
para 48,9% o índice de contratação informal no setor privado. A
cifra, que era de 47,7% em meados de 2004, voltou a se aproximar do recorde de 2003 (49,5%).
No Brasil, a Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE, em janeiro,
apontava índice de informalidade
de 42% da população ocupada.
O Ministério do Trabalho argentino atribui esse aumento a fatores sazonais, como a temporada
de colheita e o aquecimento da
atividade na construção civil. Ao
lado do trabalho doméstico, a
agricultura e a construção civil lideram o ranking de setores com
maior número de não-registrados. Somam 2,5 milhões.
No entanto, a secretária do Trabalho, Noemi Rial, reconhece que
o problema "é grave". Principalmente porque a renda média do
trabalhador sem registro é de 317
pesos (R$ 295). Com inflação em
alta e sujeita a terminar o ano acima do teto de 10,5% previsto pelo
governo, há chances de que cresça
o índice de pobreza no país.
Os indicadores de pobreza e indigência são calculados pela ponderação da renda familiar ao custo da cesta básica, em 28 cidades
argentinas. Havia 40% de pobres
e 10% de indigentes no país vizinho no fim do ano passado.
A pressão inflacionária com a
qual a Argentina convive pode
deter o aumento do salário mínimo (de 400 para 510 pesos), previsto para abril. O governo Kirchner vinha dispondo, por decreto,
aumentos salariais no setor privado para recompor a perda do poder aquisitivo -de 55%, desde o
colapso econômico de 2002.
Rial afirma que o aumento do
salário mínimo "pode ser transferido aos preços de alguns gêneros
de primeira necessidade", mas
defende a medida. "A solução
perfeita não existe. Sempre que há
aumentos salariais, vive-se o impacto sobre preços. Mas outras
variáveis econômicas vão permitir que a inflação não escape dos
parâmetros razoáveis." Para reduzir o trabalho informal, "a idéia
é não apenas sancionar com multa mas também oferecer ao empregador ajuda das equipes do
Ministério, para que ele regularize
a situação", diz a secretária.
Com a oferta de assessoria, o
ministério pretende "acabar com
a desculpa" dos empresários de
que a burocracia dos registros exige o trabalho de um contador.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Capitalismo vermelho: China deverá crescer 8% ao ano entre 2006 e 2010, prevê instituto Índice
|