São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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FHC reage mal a declarações de Paul O'Neill

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso demonstrou ontem a interlocutores contrariedade com as declarações do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill.
Para FHC, a manifestação de que os EUA não apoiarão novos empréstimos do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o Brasil foi desnecessária, porque o país não está pedindo crédito novo, e irresponsável, porque estimula o mercado financeiro a desconfiar ainda mais da capacidade brasileira de honrar seus compromissos externos.
Além das notícias ruins na economia, FHC teve um dia difícil na esfera privada. O caseiro de seu sítio em Ibiúna (SP) foi encontrado morto anteontem, provavelmente assassinado.
FHC ficou o dia todo no Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência. Falou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Instruiu ambos a tentar acalmar o mercado.
FHC deixou para Malan a tarefa de responder a O'Neill por avaliar que não era assunto de presidente rebater um secretário norte-americano, cargo equivalente ao do ministro da Fazenda brasileiro.
O presidente também conversou com José Serra, candidato da coligação PSDB-PMDB ao Planalto. Serra não gostou de Armínio Fraga ter mantido os juros básicos da economia nos 18,5% ao ano, ainda que tenha introduzido a tendência de baixa, o que permite queda a qualquer momento.
Mais do que nunca, FHC acha que foi um erro insistir na tese de associar uma eventual vitória da oposição na eleição presidencial à argentinização do país. Ele próprio disse que, se o próximo presidente não fosse "competente", o Brasil poderia virar a Argentina.
Agora, o presidente e o seu candidato temem que a crise aconteça antes das eleições.



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