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INVERNO ECONÔMICO
Entre fevereiro e abril, setor cortou 74 mil empregos na Grande SP; lojas de shoppings fecham as portas
Retração do consumo castiga o comércio
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Castigado pelos juros altos e pela queda de renda dos consumidores, o comércio varejista fecha
lojas, demite e liquida sua coleção
de inverno antes mesmo da chegada do frio.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
mostram que, neste ano, o setor
teve queda de vendas em todos os
seus seis segmentos (supermercados, lojas de eletrodomésticos,
concessionárias, postos, lojas de
calçados e roupas).
Durante 2001 e 2002 -outros
anos em que a pesquisa do IBGE
foi feita-, o declínio das vendas
no varejo não foi generalizado,
pois postos de gasolina e supermercados ainda mantinham resultado positivo.
Sinais do aprofundamento da
crise são visíveis em shoppings e
no comércio de rua.
A Abrasce, associação brasileira
de shoppings, registra um dos
percentuais mais altos de espaços
não-ocupados no país. De janeiro
a abril, 5,69% da área bruta locável (ABL) estava vaga -isto é, 5,8
milhões de m2 em 245 shoppings
estudados. Esse percentual é um
dos mais altos já verificados.
Antes do início do inverno
-que começou oficialmente ontem-, lojistas já liquidavam suas
coleções de frio com descontos de
até 60%. Tradicionalmente, a liquidação de inverno ocorre após
o Dia dos Pais, em agosto.
Entre fevereiro e abril deste ano,
74 mil vagas foram fechadas no
comércio na Grande São Paulo,
de acordo com o Dieese. No mesmo período do ano passado, o setor havia cortado 37 mil vagas.
A Federação do Comércio do
Estado de São Paulo informa que,
de janeiro a abril, as lojas paulistas
de vestuário faturaram 9,6% menos do que em igual período do
ano passado; as de tecidos tiveram queda de 2,62% nas vendas, e
as de calçados, de 21,68%.
Esses números mostram o impacto da política monetária no
consumo brasileiro, atividade que
responde por 60% da economia
do país e que começou a declinar
com mais força em dezembro
passado.
"O consumidor só compra bens
de primeira necessidade", diz Oiram Corrêa, economista da federação do comércio.
Os dados do IBGE mostram
ainda que, por cinco meses seguidos, o comércio apresenta redução mensal nas vendas -de dezembro de 2002 a abril deste ano.
Cinco quedas seguidas nunca haviam ocorrido na pesquisa.
Colaborou Adriana Mattos,
da Reportagem Local
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