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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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INVERNO ECONÔMICO

Entre fevereiro e abril, setor cortou 74 mil empregos na Grande SP; lojas de shoppings fecham as portas

Retração do consumo castiga o comércio

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Castigado pelos juros altos e pela queda de renda dos consumidores, o comércio varejista fecha lojas, demite e liquida sua coleção de inverno antes mesmo da chegada do frio.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, neste ano, o setor teve queda de vendas em todos os seus seis segmentos (supermercados, lojas de eletrodomésticos, concessionárias, postos, lojas de calçados e roupas).
Durante 2001 e 2002 -outros anos em que a pesquisa do IBGE foi feita-, o declínio das vendas no varejo não foi generalizado, pois postos de gasolina e supermercados ainda mantinham resultado positivo.
Sinais do aprofundamento da crise são visíveis em shoppings e no comércio de rua.
A Abrasce, associação brasileira de shoppings, registra um dos percentuais mais altos de espaços não-ocupados no país. De janeiro a abril, 5,69% da área bruta locável (ABL) estava vaga -isto é, 5,8 milhões de m2 em 245 shoppings estudados. Esse percentual é um dos mais altos já verificados.
Antes do início do inverno -que começou oficialmente ontem-, lojistas já liquidavam suas coleções de frio com descontos de até 60%. Tradicionalmente, a liquidação de inverno ocorre após o Dia dos Pais, em agosto.
Entre fevereiro e abril deste ano, 74 mil vagas foram fechadas no comércio na Grande São Paulo, de acordo com o Dieese. No mesmo período do ano passado, o setor havia cortado 37 mil vagas.
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo informa que, de janeiro a abril, as lojas paulistas de vestuário faturaram 9,6% menos do que em igual período do ano passado; as de tecidos tiveram queda de 2,62% nas vendas, e as de calçados, de 21,68%.
Esses números mostram o impacto da política monetária no consumo brasileiro, atividade que responde por 60% da economia do país e que começou a declinar com mais força em dezembro passado.
"O consumidor só compra bens de primeira necessidade", diz Oiram Corrêa, economista da federação do comércio.
Os dados do IBGE mostram ainda que, por cinco meses seguidos, o comércio apresenta redução mensal nas vendas -de dezembro de 2002 a abril deste ano. Cinco quedas seguidas nunca haviam ocorrido na pesquisa.



Colaborou Adriana Mattos, da Reportagem Local


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