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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Importação de bens de capital sofre queda de 30,6%, enquanto empréstimos do BNDES recuam 9,4%

Investimentos caem e apontam recessão

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os indicadores de investimentos da indústria e da construção civil caíram de forma significativa no começo do ano, o que confirma a trajetória de recessão e deve comprometer uma recuperação na segunda metade do ano.
Segundo dados do Banco Central, a produção de insumos da construção civil recuou 5,15% nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A importação de bens de capital (máquinas e equipamentos) caiu 30,60%.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) concedeu 9,42% menos empréstimos do que nos quatro primeiros meses de 2002. A instituição é a principal fonte de capital de longo prazo do país.
Os números mostram que o setor real da economia tem aplicado menos recursos. Isso gera dois efeitos. O primeiro é uma queda na atividade. O segundo é que a falta de investimentos pode criar gargalos em determinados setores da indústria, o que dificultaria a recuperação da economia.
"O país caminha para uma recessão de proporções significativas no segundo semestre. Eu não tenho mais dúvidas sobre isso", diz o economista da Unicamp Ricardo Carneiro, um dos colaboradores do programa de governo do então candidato Lula
Para Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, alguns setores não teriam mobilidade para aumentar rapidamente sua capacidade produtiva, como no caso da siderurgia. "Pode ocorrer nesses casos alguma pressão inflacionária ou aumento das importações para atender a demanda."
Os investimentos no setor real da economia vêm caindo desde 2001. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a FBCF (formação bruta de capital fixo) -indicador de taxa de investimento na economia- em proporção do PIB (Produto Interno Bruto) naquele ano foi de 19,45%. No ano passado, ficou em 18,71%.
A expectativa do BC para o primeiro trimestre é que a FBCF (em termos anualizados) seja ainda menor. "E vão cair mais [os investimentos]. Não há como não cair. A indústria não está vendendo, a apreciação do real tende a reduzir as exportações de bens manufaturados, o governo está gastando menos. Por que a indústria iria aumentar os investimentos para ampliar a capacidade produtiva?", pergunta Carneiro.


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