São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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Estado de SP fica com peso menor no setor

DA SUCURSAL DO RIO

Divulgada ontem, a Pesquisa Industrial Anual do IBGE confirma a continuidade do processo de desconcentração regional da indústria no Brasil. O peso da indústria paulista caiu de 46,4% de 2000 para 42,5% 2003. São Paulo, porém, ainda está bem à frente do segundo colocado -Minas Gerais, com 10%.
Em contrapartida ao desempenho de São Paulo, ganharam espaço na estrutura industrial do país Rio de Janeiro (por causa do petróleo), Paraná, Bahia, Amazonas, Goiás e Pará.
De acordo com especialistas, a abertura de novas plantas e a migração de fábricas para outros Estados -muitas vezes em troca de benefícios fiscais- e a expansão do agronegócio levam a esse processo. São exemplos a instalação de pólos automobilísticos no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná e Bahia.
Apesar da migração da indústria para outros centros, a pesquisa mostra uma forte concentração de investimentos, PIB, faturamento e massa de salários nas empresas de maior porte.
As firmas com mais de 500 empregados representam 67,2% do PIB e 74,8% dos investimentos. Elas respondem, porém, por uma parcela menor dos empregos: 39%.

Investimentos
Sob impacto do menor dinamismo da categoria de bens de capital (máquinas e equipamentos), a taxa de investimentos do setor industrial caiu em 2003, atingindo o segundo menor nível da série histórica do IBGE.
Relação entre o valor total de investimentos e o PIB do setor, a taxa cedeu de 15,9% em 2002 para 15,2% em 2003. Somente em 2000 havia sido registrada uma marca menor -14,5%.
Boa parte dessa retração, segundo o IBGE, pode ser explicada pela forte queda nas vendas de bens de capital, que recuaram 20% de 2002 para 2003.
Como pano de fundo, aparece a situação econômica do país naquele ano: os juros batendo no pico de 26,5% pós-crise eleitoral derrubaram o nível de atividade e, conseqüentemente, as encomendas de máquinas e equipamentos.
Somente em momentos nos quais está capitalizado e com bons lucros é que o empresário investe em renovação de suas linhas de produção, dizem economistas. O cenário de 2003 não permitia isso.
Com a redução nas vendas, a categoria de bens de capital perdeu peso na estrutura da indústria -de 9,3% para 7,4%. Só cresceram, em 2003, os setores ligados ao agronegócio e às exportações, que estão prioritariamente agrupados em bens intermediários. De 2002 para 2003, a categoria elevou seu peso de 54,9% para 58,8%.
Em 2004, porém, os dados disponíveis revelam uma mudança. Foram justamente os bens de capitais que lideraram a produção da indústria. No começo de 2005, já houve uma nova inversão, com queda na fabricação de bens de capital.


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