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Polícia do governo De la Rúa prevê
onda de manifestações sociais
DE BUENOS AIRES
Os conflitos sociais resultantes
da crise econômica argentina poderão se agravar e provocar episódios de violência em 11 das 23 Províncias e na capital, Buenos Aires,
segundo um relatório preparado
pela área de inteligência das forças de segurança do governo de
Fernando de la Rúa.
Segundo o informe, as manifestações contra a política econômica do governo, que incluem bloqueios de ruas e estradas, passeatas e ocupação de edifícios públicos, poderão se acentuar nos próximos meses e gerar conflitos
mais graves que os atuais. O crescimento de pelo menos 2,5% esperado pelo governo está descartado, e é provável que o país entre
em seu quarto ano de recessão.
No dia 17 de junho, dois manifestantes desempregados que bloqueavam uma estrada na Província de Salta, ao norte do país (uma
das regiões mais pobres da Argentina), foram mortos durante
um confronto com a polícia, que
tentava desbloquear a via. Mais de
duas dezenas de policiais foram
feridos, dois deles com gravidade.
O secretário nacional de Segurança, Enrique Mathov, acusou os
manifestantes de receber a tiros
os policiais, que cumpriam uma
ordem judicial. Os manifestantes
negaram estar armados.
O conflito na região permanece
tenso, apesar das negociações
abertas após o episódio. Além de
Salta, o relatórios menciona como
locais de violência potencial as
Províncias (equivalentes a Estados no Brasil) de Neuquén, Entre
Ríos, Córdoba, Misiones, Santa
Fé, Formosa, Chaco, Catamarca,
Jujuy e Buenos Aires, além da capital federal.
Na capital, Buenos Aires, não
houve nos últimos meses confrontos entre policiais e manifestantes, mas alguns protestos terminaram em depredações.
No mês passado, uma manifestação em favor da manutenção
das operações da Aerolíneas Argentinas, empresa que pertence
hoje ao governo espanhol e que
pediu concordata no mês passado, acabou com coquetéis molotov atirados contra sedes de empresas espanholas e diversos telefones públicos da Telefónica depredados no centro da cidade.
Mapa dos conflitos
O relatório do serviço de inteligência do governo analisa os principais grupos sindicais, políticos e
sociais que vêm organizando as
manifestações, e conclui que eles
tendem a aprofundar os protestos
se não tiverem suas reivindicações atendidas.
Além disso, o informe traça um
mapa dos conflitos potenciais,
analisando o tipo de protesto previsto em cada região. Na Província de Buenos Aires, por exemplo,
as principais manifestações previstas são de desempregados, professores e grupos sindicais, que
realizam bloqueios de estradas na
região metropolitana da capital.
(RW)
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