São Paulo, domingo, 22 de julho de 2001

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Polícia do governo De la Rúa prevê onda de manifestações sociais

DE BUENOS AIRES

Os conflitos sociais resultantes da crise econômica argentina poderão se agravar e provocar episódios de violência em 11 das 23 Províncias e na capital, Buenos Aires, segundo um relatório preparado pela área de inteligência das forças de segurança do governo de Fernando de la Rúa.
Segundo o informe, as manifestações contra a política econômica do governo, que incluem bloqueios de ruas e estradas, passeatas e ocupação de edifícios públicos, poderão se acentuar nos próximos meses e gerar conflitos mais graves que os atuais. O crescimento de pelo menos 2,5% esperado pelo governo está descartado, e é provável que o país entre em seu quarto ano de recessão.
No dia 17 de junho, dois manifestantes desempregados que bloqueavam uma estrada na Província de Salta, ao norte do país (uma das regiões mais pobres da Argentina), foram mortos durante um confronto com a polícia, que tentava desbloquear a via. Mais de duas dezenas de policiais foram feridos, dois deles com gravidade.
O secretário nacional de Segurança, Enrique Mathov, acusou os manifestantes de receber a tiros os policiais, que cumpriam uma ordem judicial. Os manifestantes negaram estar armados.
O conflito na região permanece tenso, apesar das negociações abertas após o episódio. Além de Salta, o relatórios menciona como locais de violência potencial as Províncias (equivalentes a Estados no Brasil) de Neuquén, Entre Ríos, Córdoba, Misiones, Santa Fé, Formosa, Chaco, Catamarca, Jujuy e Buenos Aires, além da capital federal.
Na capital, Buenos Aires, não houve nos últimos meses confrontos entre policiais e manifestantes, mas alguns protestos terminaram em depredações.
No mês passado, uma manifestação em favor da manutenção das operações da Aerolíneas Argentinas, empresa que pertence hoje ao governo espanhol e que pediu concordata no mês passado, acabou com coquetéis molotov atirados contra sedes de empresas espanholas e diversos telefones públicos da Telefónica depredados no centro da cidade.

Mapa dos conflitos
O relatório do serviço de inteligência do governo analisa os principais grupos sindicais, políticos e sociais que vêm organizando as manifestações, e conclui que eles tendem a aprofundar os protestos se não tiverem suas reivindicações atendidas.
Além disso, o informe traça um mapa dos conflitos potenciais, analisando o tipo de protesto previsto em cada região. Na Província de Buenos Aires, por exemplo, as principais manifestações previstas são de desempregados, professores e grupos sindicais, que realizam bloqueios de estradas na região metropolitana da capital. (RW)



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