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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
Gênova separa código de conduta da violência
THOMAS L. FRIEDMAN
DO "THE NEW YORK TIMES"
Ao longo da história, os
movimentos bem-sucedidos de protesto social tinham
todos uma coisa em comum
-uma mensagem clara, simples e objetiva. Quer se tratasse
do movimento pelos direitos da
mulher ou do movimento contra a Guerra do Vietnã, bastava
anunciar seu nome e saberíamos quem eram os manifestantes e quais eram seus objetivos.
A coisa mais notável sobre os
manifestantes na reunião ministerial da OMC, em Seattle, 1999,
e na conferência do G-8, que termina hoje, em Gênova, era que
eles tendiam a ser chamados
simplesmente de "os manifestantes" ou "os manifestantes antiglobalização", descrições que
em nenhum dos casos oferece
imagens claras. Ser contra a globalização é ser contra tantas coisas -de celulares a Big Mac-
que toda conotação se perde. E é
por isso que os protestos contra
a globalização produziram ruído, mas nada que melhorasse a
vida de qualquer pessoa.
O que é mais intrigante sobre a
conferência de Gênova, no entanto, é que muitos dos grupos
sérios de ativistas que participaram de protestos no passado
terminaram por reconhecer que
quebrar vidraças de lojas do
McDonald's ou simplesmente
dizer "não" não constitui um
movimento de protesto.
Eles acabaram reconhecendo
que, se desejam ter alguma esperança de se beneficiar da atenção que atraíram para os problemas da globalização, terão de
decidir exatamente contra o que
estão protestando, porque os
manifestantes se dividem em
duas categorias: 1) os que acreditam que a questão é determinar se devemos nos globalizar e
querem impedir que a globalização progrida; 2) aqueles que
compreendem que a globalização é em larga medida conduzida pela tecnologia da internet
aos satélites e que, portanto, a
questão seria determinar de que
maneira nos globalizaremos.
Até agora, esses dois grupos se
misturam. Anarquistas e rescaldos do marxismo que simplesmente procuram por maneiras
de minar o capitalismo sob uma
nova bandeira e sindicatos protecionistas se unem nas ruas a
ambientalistas que acreditam
que o comércio internacional, o
crescimento e as causas verdes
podem viver juntos; grupos de
combate à pobreza, que compreendem que a globalização
poderia ser um caminho para
que os pobres escapem à miséria; e grupos sérios de serviço social que têm idéias úteis sobre
como aliviar a dívida dos países
pobres e adotar padrões trabalhistas racionais.
Felizmente, muitos dos grupos mais sérios na ala dos que
consideram que o importante é
definir como globalizar e muitos
líderes governamentais não estão mais dispostos a ceder as posições de vantagem moral aos
grupos mais estúpidos de oposição à globalização, e em Gênova
viu-se pela primeira vez uma cisão entre os manifestantes.
Alguns dos grupos sérios, como o Friends of the Earth,
Christian Aid, Jubilee 2000 e Oxfam, estão-se distanciando das
manifestações violentas e insistindo em códigos de conduta.
"O espaço político em torno das
grandes reuniões internacionais
foi tomado à força por aqueles
que desejam praticar a violência", disse Justin Forsyth, diretor
de política da Oxfam. "Eles roubam a atenção dos grupos que
desejam mudança positiva."
A cisão entre as alas é um momento estratégico importante.
Os manifestantes sérios já provaram que a maneira pela qual
nos globalizamos importa, mas
só poderão fazer diferença real
se criarem soluções em parceria
com os governos e as grandes
empresas. O momento é propício para que um líder mundial
aproxime os dois setores.
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