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FOLHAINVEST
MERCADO TENSO
Leilão do BC aumenta volume de títulos no mercado e faz preços caírem; novos prejuízos podem ocorrer
Fundos de renda fixa e DI voltam a ter perdas
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos DI e de renda fixa voltaram a ter rentabilidade negativa
na segunda e na terça-feira da semana passada. As perdas atingiram, principalmente, os fundos
do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e alguns fundos
de bancos privados. Analistas temem que novos prejuízos ocorram nesta semana.
Isso porque o que derrubou os
fundos naqueles dias, segundo
analistas consultados pela Folha,
foi o leilão de troca de títulos cambiais (NBC-Es) por LFTs (Letras
Financeiras do Tesouro) com
vencimento em 2003, realizado
pelo Banco Central na sexta-feira,
dia 12.
Naquele dia, o BC colocou R$ 10
bilhões em LFTs no mercado. O
aumento no volume desses títulos
fez cair o seu valor no mercado secundário. O deságio (desconto)
desse papel, que no início do mês
estava em 1,39%, saltou para
1,86% na segunda e terça-feira, segundo dados da Andima (Associação Nacional das Instituições
do Mercado Aberto).
Como os fundos marcam os
preços dos seus títulos diariamente, a chamada "marcação a mercado", suas cotas refletiram a oscilação dos preços naqueles dias.
Na última sexta, o BC realizou
outro megaleilão de troca de papéis cambiais por LFTs. Foram
colocados R$ 9,8 bilhões, um terço do valor total ofertado pelo BC.
Teme-se que o deságio das LFTs
volte a aumentar nesta semana,
podendo deixar, novamente, os
fundos com cota negativa.
"O volume de saques nos fundos ainda é alto, apesar de ter recuado em relação a junho. Isso leva os gestores a venderem seus
papéis para pagar os cotistas que
saem", diz Wilson Risolia, diretor
de recursos de terceiros da Caixa
Econômica Federal.
"Ao colocarem os papéis à venda, realimentam sua desvalorização e as perdas dos fundos",
acrescenta. Segundo ele, esse processo vai retardar a reposição dos
prejuízos registrados no início da
marcação a mercado. "Na sexta-feira, dia 12, nossos fundos já estavam positivos; na segunda-feira,
voltaram ao vermelho", diz ele.
O tamanho da queda
As perdas registradas pelos fundos na semana passada concentraram-se na segunda e terça-feira. Na quarta, as cotas voltaram
ao azul em quase todos os fundos.
Mas a maioria acumula rendimento negativo em julho, devido
às perdas da semana passada.
No caso dos DI, as cotas oscilaram entre -0,64% e -0,83% na segunda-feira, e entre -0,12% e
-0,61% na terça-feira. Os fundos
de renda fixa renderam entre
-0,57% e -0,81% na segunda, e entre -0,52% e -0,78% na terça, segundo dados do site Fortuna.
Além dos fundos do BB, foram
atingidos alguns da Caixa Econômica Federal, do ABN Amro, do
Banco Cidade, um fundo do Bradesco e um do Itaú.
Marcos de Callis, diretor de investimentos do HSBC Brain, diz
que o leilão de troca de títulos
cambiais por LFTs foi positivo para o mercado, pois deu liquidez a
vários fundos que tinham papéis
"swapados".
Os gestores desses fundos adquiriram os títulos cambiais no
ano passado e, para trocar o indexador de câmbio para CDI (Certificado de Depósito Interbancário), fizeram operação de "swap"
na BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros).
Isso tem dois inconvenientes: os
papéis ficam presos, não podem
ser vendidos no mercado secundário para o fundo fazer caixa e
honrar os resgates dos cotistas.
Além disso, o gestor tem de fazer
um depósito inicial, chamado
"margem de garantia", para honrar os ajustes diários de preços da
operação. "Com a troca por LFTs,
os fundos liberam os depósitos de
margem e ganham mais liquidez
para honrar os resgates dos cotistas", diz Marcos de Callis.
O lado ruim das megatrocas de
títulos feitas nas duas últimas semanas é que elas ocorreram em
um momento de turbulência no
mercado internacional.
"Isso fez aumentar o deságio
das LFTs após o primeiro leilão",
diz Alexandre Póvoa, diretor de
investimentos do ABN Amro Asset Management.
Segundo ele, o impacto do leilão
de sexta-feira sobre os fundos vai
depender do comportamento do
mercado internacional nesta semana.
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