São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gás de cozinha acumula alta de 472% nos 8 anos

DA SUCURSAL DO RIO

Além de ter acumulado o maior reajuste do Real, a velocidade dos aumentos do gás de cozinha não diminuiu nos últimos anos, ao contrário dos demais preços administrados. Mais: as altas do produto se intensificaram e ficaram bem acima das da gasolina, que, como o gás, acompanha as oscilações do dólar e do petróleo.
Somente neste ano o gás subiu 32,41% (de janeiro a junho) e já compromete 12,56% do valor do salário mínimo, de R$ 200. Em 1994, seu peso era bem inferior: 5,69%.
O preço médio do produto, em São Paulo, era de R$ 25,12 em junho (isso sem contar o último aumento de 6,2%). No ano do lançamento da nova moeda, o gás custava R$ 3,98. A alta acumulada é de 472,16%.
Com a pressão do câmbio e a instabilidade do petróleo no exterior, o GLP (nome técnico do gás) deve ter, em 2002, a maior correção dos oito anos do Real. O reajuste deste ano só é superado pelos de 1999 (44,48%) e de 1998 (32,81%).
Para a economista Eulina Nunes dos Santos, do IBGE, a alta deste ano tem um único motivo: a eliminação total do subsídio do governo.

Vulnerabilidade externa
O economista Luís Suzigan, da LCA, afirma que a raiz do problema é a vulnerabilidade externa do país (dívida elevada e saldo comercial pequeno). "Isso acaba elevando o câmbio, que é a principal fonte dos aumentos do gás. É o que o novo governo deve atacar."
Wilson Ramião, do Lloyds, discorda. Ele diz que o próximo presidente deve retomar o controle de preço para os derivados para segurar a inflação.
Até dezembro do ano passado, antes da abertura dos derivados de petróleo às importações, o preço final do GLP era subsidiado em R$ 7 por botijão -o valor médio à época era de R$ 20. Sem o mecanismo, o gás sofreu alta de 25% nas refinarias em 1º de janeiro, apesar da queda na cotação do petróleo. (PS)


Texto Anterior: Inflação "do governo" dispara no Plano Real
Próximo Texto: Saúde: Explodem as multas contra planos de saúde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.