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VIZINHO EM CRISE
Decisão do Tesouro americano, em conjunto com o novo pacote, visa recolocar país no comércio exterior
EUA anunciam negociação com Mercosul
DE WASHINGTON
O governo norte-americano
convidou ontem o Mercosul a iniciar negociações formais em setembro para discutir discutir temas gerais de comércio e, se possível, alcançar um acordo de livre
comércio entre os quatro países
do bloco sul-americano e os EUA.
O convite foi divulgado simultaneamente ao anúncio de um novo
pacote do FMI para a Argentina.
"O representante comercial dos
EUA, Robert Zoellick, anunciou,
em conjunto com o apoio dos
EUA ao acordo do FMI com a Argentina, seu desejo de encontrar-se com os ministros responsáveis
por comércio da Argentina, do
Brasil, do Paraguai e do Uruguai",
informou nota do USTr (o escritório comercial dos EUA). "O objetivo do encontro será alcançar
nosso interesse comum em comério livre como um motor do crescimento econômico global, regional e bilateral."
As conversas incluiriam a possibilidade de uma nova rodada
mundial de comércio, a Alca e
"outras possibilidades" no âmbito dos EUA e do Mercosul.
Uma hora antes, do lobby do
FMI, de onde acabara de anunciar
a obtenção de um novo empréstimo para a Argentina, o vice-ministro da Economia do país, Daniel Marx, dissera que os EUA estavam convidando o Mercosul
para negociar a formação de um
bloco de livre comércio. "O convite não tem relação direta com as
negociações entre a Argentina e o
FMI, mas representa um novo caminho para a recuperação econômica do país." O convite sinaliza
"uma nova oportunidade de comércio aos países do Mercosul".
Não se sabe se o Brasil, com
quem os EUA e a Argentina travam constantes disputas comerciais, foi informado do anúncio.
A Folha apurou que tal convite
foi a forma encontrada pela Argentina para aumentar ainda
mais o impacto do novo pacote de
ajuda do FMI ao país.
Em conversas informais com o
FMI e com o Tesouro dos EUA,
bancos privados disseram que a
única coisa que poderia mudar
definitivamente a percepção sobre a capacidade de a Argentina
gerar dólares seria sua inserção
em um novo contexto comercial
-a exemplo do que fez o México
com o Nafta.
Desse conversa, o Fundo e os
EUA entenderam que não interessa prever, agora, o futuro dessas negociações. Eles avaliam que
só o anúncio de conversas formais poderia servir de estímulo
adicional para o país sair da crise.
Os EUA sugeriram que se anunciasse o início de conversas bilaterais (Argentina-EUA), mas os argentinos rejeitaram a idéia com
medo de irritar o Brasil.
Aos EUA, o convite serve também como maneira de desfazer a
impressão de que a Casa Branca
boicotou desde o início o sucesso
do novo pacote argentino. Após
revelar que os cofres do Tesouro
americano e do FMI estão cada
vez mais fechados, o presidente
George W. Bush mostraria que o
mercado dos EUA abre-se para
produtos latino-americanos.
O chanceler argentino, Adalberto Rodríguez Giavarini, salientou
ontem a ênfase dada no acordo
com o FMI ao comércio exterior.
Giavarini disse que a negociação
conjunta dos países do Mercosul
com os EUA no esquema denominado "quatro mais um" permitirá maior abertura comercial.
O "quatro mais um" significa a
negociação de um acordo com os
EUA para a abertura comercial e
para a formação da Alca pelos
quatro membros do Mercosul
(Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai) de forma conjunta.
(MARCIO AITH)
Colaborou Rogerio Wassermann, de
Buenos Aires
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