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SALTO NO ESCURO
Agência diz que aumento extraordinário de tarifa é para repor as perdas de receita causadas pelo racionamento
Distribuidoras podem pedir reajuste para energia
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As distribuidoras de energia já
podem pedir à Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) aumento de tarifa por causa das perdas de receita causadas pelo racionamento.
"A situação das distribuidoras
ficou complicada. Elas estão com
problemas de fluxo de caixa",
avaliou ontem Afonso Henriques
Moreira Santos, secretário de
Energia do Ministério de Minas e
Energia.
De acordo com o secretário, o
racionamento foi um "fato de
príncipe", ou seja, imposto pelo
governo. Por isso, as distribuidoras têm direito de pedir reajuste
extraordinário, fora da data normal na qual as tarifas são aumentadas anualmente.
Afonso Henriques disse ainda
que a solução para o impasse contratual entre geradoras e distribuidoras -quem vai pagar a
maior parte da conta pelas perdas
no racionamento- também será
paga pelo consumidor.
"Para os agentes [geradoras e
distribuidoras" é um jogo de soma zero", disse o secretário. Segundo ele, qualquer que seja o resultado da negociação, haverá repasse para tarifas de energia e o
custo sobra para quem tiver de
pagar a conta de luz.
O secretário de Energia afirmou
que os contratos de fornecimento
de energia entre geradoras e distribuidoras (contratos iniciais)
são falhos. A falha, de acordo com
ele, é que esses contratos não refletem no preço da energia a escassez dessa matéria-prima.
Ele explicou que a falta de energia já deveria estar se refletindo no
preço desde 99, quando o risco de
déficit ficou maior que 5%. Afonso Henriques disse que o aumento de tarifas deveria ser "automático" para alguns componentes de
custo, para que a Aneel não tivesse tanto "desgaste".
O secretário de Energia disse
que o governo não irá interferir na
briga entre geradoras e distribuidoras de energia. "Se não houver
acordo, a melhor saída é uma decisão da Justiça", disse.
Distribuidoras e geradoras brigam por causa de uma parte dos
contratos de compra e venda de
energia chamada "Anexo 5".
Esse anexo determina, segundo
as distribuidoras, que a energia
não entregue, mas prevista no
contrato inicial, seja recomprada
pelas geradoras pelo preço de
mercado.
As geradoras querem pagar às
distribuidoras, com base num
acordo de mercado feito no ano
passado, R$ 4 pelo MWh contratado, mas que não foi entregue
por causa do racionamento. As
distribuidoras querem o preço do
Mercado Atacadista de Energia
Elétrica -de R$ 684 por MWh.
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