São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2001

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MENOS POR MAIS

Procon apura se sardinhas, achocolatados e bronzeadores tiveram redução de peso mantendo o preço

Até o bronzeador pode estar "maquiado"

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Latas de sardinha, achocolatados e até bronzeadores. Esses produtos são os novos alvos das entidades de defesa do consumidor, que começaram a verificar se há outros itens chegando às lojas com peso alterado. Para a Abia, entidade que representa as empresas de alimentos, já existe um clima de "denuncismo sem limite". As empresas finalizam hoje sua estratégia de defesa antes da reunião com o governo, amanhã, quando o tema será debatido.
Até o momento, existem no total 16 produtos sendo avaliados pelo Procon e pelo governo em São Paulo, segundo levantamento da Folha. As companhias de papel higiênico e biscoitos, as primeiras a serem acusadas de vender produtos com peso alterado, começaram ontem a estabelecer duas linhas de defesas para a reunião que ocorre amanhã com a SAE (Secretaria de Acompanhamento Econômico), em Brasília.
Elas irão dizer ao governo que aceitam manter só uma linha padrão (de biscoitos com 200 gramas, por exemplo) com o conteúdo que o consumidor está acostumado. Irão frisar que os produtos alterados, na realidade, foram lançamentos e, logo, podem apresentar qualquer quantidade.
E ainda informarão que, se foi necessário lançar itens com peso inferior, isso ocorreu devido à forte concorrência nos setores, principalmente biscoitos.

Campanha adiada
Enquanto finalizam estratégias, as empresas dão outros passos. A Klabin, fabricante de papel higiênico, já decidiu pelo adiamento de sua campanha de esclarecimento ao público, que seria publicada nos jornais amanhã.
A razão: as companhias acusadas preferem se defender publicamente só após essa reunião com a secretaria, em Brasília. Isso porque preferem esperar a reação do governo a respeito de suas posições antes de decidir sobre como serão as campanhas publicitárias.
Neste mês, a SAE foi comunicada pelo Procon e pelos supermercados que várias empresas estariam fabricando itens com peso alterado.
O governo está investigando o caso e levanta duas acusações. Primeiro, diz que as indústrias agiram dessa forma sem se preocupar em informar o consumidor. E ainda afirma que a redução no conteúdo do produto teria sido feita sem uma compensação ao cliente (como uma queda nos preços).
Segundo Vera Marta Junqueira, diretora do Procon, o órgão está apurando a informação de que os bronzeadores, a sardinha em lata e os achocolatados (Nescau e Ovomaltine, produzidos pela Nestlé e Novartis, respectivamente) teriam reduzido o conteúdo.
A Abia, entidade que representa as empresas de alimentos, não tem se posicionado sobre o assunto, mas seu presidente, Edmundo Klotz, disse ontem que existe um clima de "denuncismo sem limite". Para ele, a situação "já saiu de controle."



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