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POLÊMICA
Meio Ambiente e Agricultura divergem sobre sementes para o plantio no RS
Liberação de transgênicos
opõe ministérios de Lula
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Meio Ambiente
questionou ontem a postura da
pasta da Agricultura, que teria
criado uma ""situação de fato" que
deve levar ao plantio de sementes
geneticamente modificadas na safra deste ano.
Segundo o secretário João Paulo
Capobianco (Biodiversidade e
Florestas), agricultores gaúchos
afirmam que só possuem sementes transgênicas, enquanto o Ministério da Agricultura teria garantido a existência de sementes
normais para o plantio -que começa em três semanas. ""Criou-se
uma situação de fato", disse.
Perguntada sobre o tema, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) disse: ""Essa questão deve
ser feita ao ministro da Agricultura". A Folha não havia localizado
o titular da pasta, Roberto Rodrigues, até a conclusão desta edição.
Rodrigues é defensor do plantio
da soja transgênica, enquanto
Marina defende o que chama de
uma posição cautelosa -na prática, contra os transgênicos. ""Na
ausência de segurança em relação
à saúde e à biodiversidade, o melhor é sermos cautelosos", disse.
Capobianco disse que a garantia
sobre as sementes havia sido dada
quando da edição da medida provisória que liberou a comercialização da soja transgência plantada ilegalmente no ano passado.
Na sexta-feira, o governador do
Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), após reunião com
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, informou que o governo
editará nesta semana uma medida provisória para liberar o plantio de soja modificada neste ano.
O governo também prepara um
projeto de lei para fixar regras definitivas sobre os transgênicos.
Marina esteve ontem no Parque
Nacional de Brasília para plantar
um pé de pequi em comemoração
ao Dia da Árvore. E reafirmou sua
insatisfação com a possível MP.
A ministra fez questão de dizer
que não é ""radical", nem contra e
nem a favor dos transgênicos,
mas pediu o cumprimento da lei.
Pela legislação, é necessária uma
licença ambiental para o plantio
da soja transgênica no país.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, disse que a Monsanto, empresa americana que produz a soja transgênica "Roundup
Ready", teve seis anos para iniciar
um processo no ministério para
licenciar o produto e não o fez.
"É uma das maiores empresas
de biotecnologia do mundo, diz
que os organismos geneticamente
modificados não fazem mal à saúde, mas se recusa a apresentar à
sociedade brasileira uma avaliação de impacto ambiental", disse.
A reportagem não localizou nenhum representante da empresa.
Langone disse que o ministério
pedirá proteção contra contaminação para os Estados que já proibiram a soja transgênica, como
Paraná e Santa Catarina. E mencionou a possibilidade de a Justiça
proibir o plantio dos produtos.
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