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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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POLÊMICA

Meio Ambiente e Agricultura divergem sobre sementes para o plantio no RS

Liberação de transgênicos opõe ministérios de Lula

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Meio Ambiente questionou ontem a postura da pasta da Agricultura, que teria criado uma ""situação de fato" que deve levar ao plantio de sementes geneticamente modificadas na safra deste ano.
Segundo o secretário João Paulo Capobianco (Biodiversidade e Florestas), agricultores gaúchos afirmam que só possuem sementes transgênicas, enquanto o Ministério da Agricultura teria garantido a existência de sementes normais para o plantio -que começa em três semanas. ""Criou-se uma situação de fato", disse.
Perguntada sobre o tema, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) disse: ""Essa questão deve ser feita ao ministro da Agricultura". A Folha não havia localizado o titular da pasta, Roberto Rodrigues, até a conclusão desta edição.
Rodrigues é defensor do plantio da soja transgênica, enquanto Marina defende o que chama de uma posição cautelosa -na prática, contra os transgênicos. ""Na ausência de segurança em relação à saúde e à biodiversidade, o melhor é sermos cautelosos", disse.
Capobianco disse que a garantia sobre as sementes havia sido dada quando da edição da medida provisória que liberou a comercialização da soja transgência plantada ilegalmente no ano passado.
Na sexta-feira, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informou que o governo editará nesta semana uma medida provisória para liberar o plantio de soja modificada neste ano. O governo também prepara um projeto de lei para fixar regras definitivas sobre os transgênicos.
Marina esteve ontem no Parque Nacional de Brasília para plantar um pé de pequi em comemoração ao Dia da Árvore. E reafirmou sua insatisfação com a possível MP.
A ministra fez questão de dizer que não é ""radical", nem contra e nem a favor dos transgênicos, mas pediu o cumprimento da lei. Pela legislação, é necessária uma licença ambiental para o plantio da soja transgênica no país.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, disse que a Monsanto, empresa americana que produz a soja transgênica "Roundup Ready", teve seis anos para iniciar um processo no ministério para licenciar o produto e não o fez.
"É uma das maiores empresas de biotecnologia do mundo, diz que os organismos geneticamente modificados não fazem mal à saúde, mas se recusa a apresentar à sociedade brasileira uma avaliação de impacto ambiental", disse.
A reportagem não localizou nenhum representante da empresa.
Langone disse que o ministério pedirá proteção contra contaminação para os Estados que já proibiram a soja transgênica, como Paraná e Santa Catarina. E mencionou a possibilidade de a Justiça proibir o plantio dos produtos.


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