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NEGÓCIOS
Falta de estatísticas sobre consumidores gays, lésbicas e simpatizantes prejudica a publicidade em veículos especializados
Público gay é mistério para anunciantes
DA REPORTAGEM LOCAL
A opção por manter-se no anonimato adotada por empresários
que têm produtos e serviços voltados para o público GLS incomoda os militantes engajados na luta
contra a discriminação sexual.
"É uma pena as pessoas adotarem esse tipo de atitude e não se
mostrarem, pois não ajuda em
nada a acabar com o preconceito", lamenta Elias Lilikan, diretor
do Caehusp (Centro Acadêmico
de Estudos do Homoerotismo da
Universidade de São Paulo) e militante do movimento de defesa
dos direitos dos homossexuais.
Lilikan, que administra no centro um cursinho especialmente
voltado para estudantes carentes
GLS, acredita que essa mentalidade vai mudar aos poucos.
A invisibilidade da economia
GLS afeta inclusive o potencial de
crescimento do segmento consumidor. "É difícil explicar a um
cliente que deve anunciar em veículos sobre cujo perfil de consumo não se sabe quase nada preciso", afirma o publicitário Celso
Loducca, da agência Loducca.
Para o vice-presidente da
DM9DDB Sérgio Valente, o preconceito não é do anunciante.
"Produto não tem sexo, e o cliente
quer vender", diz. Ele acredita que
a dificuldade é encontrar meios
de comunicação que "não falem
só a um tipo de consumidor".
"Não podemos falar só para os
homossexuais, mas para todo o
universo GLS, que não é uma
questão de opção sexual, apenas,
mas comportamental", define.
A própria DM9DDB, lembra
Valente, já foi premiada no Festival Internacional da Propaganda,
em Cannes, com um banner criado para o UOL, para divulgar as
salas de chats destinadas ao internauta GLS.
A Internet parece ser o lugar
ideal para que negócios direcionados ao público GLS prosperem.
De fato, a maioria dos portais
tem uma área dirigida a esse público, mas o interesse dos anunciantes ainda é pequeno.
Sediado no UOL, por exemplo,
está o maior portal direcionado
ao público GLS no Brasil, o MixBrasil (www.mixbrasil.com.br).
Ao contrário da maioria, o portal
já tem receitas.
Com faturamento de R$ 700 mil
anuais, já veiculou propaganda de
grandes anunciantes, como a Canadian Airlines e a Sony. Hoje, no
entanto, os pequenos são maioria.
O Interligaynews (www.interligaynews.com.br), portal que consumiu R$ 200 mil em investimentos da Editora Setorial e que deve
ser lançado nas próximas semanas, já conta com anunciantes.
Como no caso do MixBrasil, a
maior parte dos anúncios é veiculada por pequenas empresas.
A expectativa de Emerson Borges, um dos sócios do portal é, no
entanto, que os grandes anunciantes comecem a perceber o potencial de mercado do público homossexual aos poucos.
O Supersite (www.supersite.com.br), hospedado nas páginas do Zip.net, ainda não tem nenhum anunciante.
Segundo Mauro Rabello, diretor de marketing do Zip.net, não
houve tempo para criar uma estratégia de marketing para o portal, criado há poucos meses. "Mas
sabemos que o potencial é grande", diz Rabello.
Quem já está no mercado garante que pode comprovar parte
desse potencial. A Futuro Infinito,
livraria especializada em sexualidade que vende também CDs e vídeos, lançou uma loja virtual há
menos de um mês.
A iniciativa pode ajudar a aumentar o faturamento da empresa e a atingir um público que ainda tem medo do preconceito. "Os
primeiros pedidos feitos pela rede
vieram de clientes que moram
quase ao lado da nossa loja", diz
Sérgio Miguez, da Futuro Infinito.
(LUIZA PASTOR E MARCELO BILLI)
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