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Presidente e executivos da Cisco são soltos no Rio e em SP, após cinco dias na prisão
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Cisco no
Brasil, Pedro Ripper, dois executivos da empresa e ao menos
outras 14 pessoas presas em
São Paulo durante a Operação
Persona, realizada para combater fraudes na importação de
equipamentos de informática,
foram liberados na madrugada
de ontem após terem ficado
cinco dias na prisão.
A Polícia Federal estima em
R$ 1,5 bilhão a sonegação de
impostos nos últimos cinco
anos em esquema supostamente comandado pela Cisco do
Brasil, com a participação da
sede americana, líder mundial
na produção de equipamentos
de tecnologia da informação.
Ripper e Marco Sena, diretor
de canais da empresa, estavam
na carceragem da Polinter (Polícia Interestadual), no Rio. Daniela Wink Ruiz, vice-presidente da Cisco, também liberada ontem, estava detida na custódia da superintendência da
PF em São Paulo (zona oeste).
Ripper, Sena e os demais detidos estavam em prisão temporária -com prazo máximo
de cinco dias- e só poderiam ficar mais tempo presos se a Justiça Federal de São Paulo renovasse as prisões. Como isso não
aconteceu, eles deixaram a carceragem da Polinter de Campo
Grande e a da PF em São Paulo
por volta da 0h30 de ontem.
Três carros -um Corolla, um
Ômega e uma Pajero- esperavam Ripper e Sena desde as
23h30 de sábado. Os executivos
não falaram na saída da prisão.
Após a libertação, a empresa
divulgou comunicado afirmando que aguarda o retorno de
Ripper à presidência. "Nenhuma acusação formal foi feita
contra eles até o momento, e a
empresa está mantendo seus
esforços em auxiliá-los."
Na nota, a companhia diz
ainda que a maior preocupação
continua a ser com "seus funcionários e suas famílias, enquanto eles se concentram em
retomar suas rotinas", e que a
empresa vai continuar "cooperando com as autoridades".
As prisões temporárias dos
executivos foram determinadas pelo juiz Alexandre Cassetari, da 4ª Vara da Justiça Federal de São Paulo. Na sexta, ele
decidiu soltar 34 dos 40 presos
na ação deflagrada na terça passada pela PF, pela Receita e pelo Ministério Público Federal.
Continuam detidos Carlos
Roberto Carnevali (ex-presidente da Cisco do Brasil),
Moacyr Álvaro Sampaio, Hélio
Benetti Pedreira -respectivamente, presidente e sócio da
Mude, revendedora que, segundo a PF, é a real importadora da Cisco- e Roberto Pernomian Rodrigues (diretor operacional de finanças da Mude).
Paulo Roberto Moreira (despachante aduaneiro) e Cid
Guardia Filho (controlador da
ABC, da Brastec, da Prime, da
Tecnosul, da Nacional e da Livion -empresas que, segundo
policiais, atuavam para ocultar
os verdadeiros importadores
dos produtos) também permanecem na Polícia Federal.
Em reportagem publicada
ontem, a Folha revelou que interceptações telefônicas feitas
pela PF mostram detalhes da
suposta fraude fiscal. A Cisco e
a Mude teriam criado ao menos 14 empresas de fachada
que importavam produtos subfaturados e simulavam a industrialização para obter a redução de tributos.
O subfaturamento na importação de produtos de informática e de telecomunicações
chegava até 70%, segundo relatório obtido pela Folha.
Outro lado
O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende Ripper,
Sena e Carnevali, não foi localizado ontem. Na última quinta-feira, ele disse não haver provas
contra seus clientes.
Para o advogado Edson Junji
Torihara, que defende a vice-presidente da Cisco, Daniela
Wink Ruiz, as prisões temporárias "têm se tornado prática comum das autoridades para conseguir provas em um ato só".
Segundo ele, não há acusações
formais contra sua cliente. "Há
uma decisão que, de forma genérica, cita os crimes de formação de quadrilha, falsidade
ideológica, sonegação, corrupção ativa e passiva. Vamos analisar as provas para definir do
que exatamente ela [Ruiz] está
sendo responsabilizada."
(CR)
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