São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Presidente e executivos da Cisco são soltos no Rio e em SP, após cinco dias na prisão

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Cisco no Brasil, Pedro Ripper, dois executivos da empresa e ao menos outras 14 pessoas presas em São Paulo durante a Operação Persona, realizada para combater fraudes na importação de equipamentos de informática, foram liberados na madrugada de ontem após terem ficado cinco dias na prisão.
A Polícia Federal estima em R$ 1,5 bilhão a sonegação de impostos nos últimos cinco anos em esquema supostamente comandado pela Cisco do Brasil, com a participação da sede americana, líder mundial na produção de equipamentos de tecnologia da informação.
Ripper e Marco Sena, diretor de canais da empresa, estavam na carceragem da Polinter (Polícia Interestadual), no Rio. Daniela Wink Ruiz, vice-presidente da Cisco, também liberada ontem, estava detida na custódia da superintendência da PF em São Paulo (zona oeste).
Ripper, Sena e os demais detidos estavam em prisão temporária -com prazo máximo de cinco dias- e só poderiam ficar mais tempo presos se a Justiça Federal de São Paulo renovasse as prisões. Como isso não aconteceu, eles deixaram a carceragem da Polinter de Campo Grande e a da PF em São Paulo por volta da 0h30 de ontem.
Três carros -um Corolla, um Ômega e uma Pajero- esperavam Ripper e Sena desde as 23h30 de sábado. Os executivos não falaram na saída da prisão.
Após a libertação, a empresa divulgou comunicado afirmando que aguarda o retorno de Ripper à presidência. "Nenhuma acusação formal foi feita contra eles até o momento, e a empresa está mantendo seus esforços em auxiliá-los."
Na nota, a companhia diz ainda que a maior preocupação continua a ser com "seus funcionários e suas famílias, enquanto eles se concentram em retomar suas rotinas", e que a empresa vai continuar "cooperando com as autoridades".
As prisões temporárias dos executivos foram determinadas pelo juiz Alexandre Cassetari, da 4ª Vara da Justiça Federal de São Paulo. Na sexta, ele decidiu soltar 34 dos 40 presos na ação deflagrada na terça passada pela PF, pela Receita e pelo Ministério Público Federal.
Continuam detidos Carlos Roberto Carnevali (ex-presidente da Cisco do Brasil), Moacyr Álvaro Sampaio, Hélio Benetti Pedreira -respectivamente, presidente e sócio da Mude, revendedora que, segundo a PF, é a real importadora da Cisco- e Roberto Pernomian Rodrigues (diretor operacional de finanças da Mude).
Paulo Roberto Moreira (despachante aduaneiro) e Cid Guardia Filho (controlador da ABC, da Brastec, da Prime, da Tecnosul, da Nacional e da Livion -empresas que, segundo policiais, atuavam para ocultar os verdadeiros importadores dos produtos) também permanecem na Polícia Federal.
Em reportagem publicada ontem, a Folha revelou que interceptações telefônicas feitas pela PF mostram detalhes da suposta fraude fiscal. A Cisco e a Mude teriam criado ao menos 14 empresas de fachada que importavam produtos subfaturados e simulavam a industrialização para obter a redução de tributos.
O subfaturamento na importação de produtos de informática e de telecomunicações chegava até 70%, segundo relatório obtido pela Folha.

Outro lado
O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende Ripper, Sena e Carnevali, não foi localizado ontem. Na última quinta-feira, ele disse não haver provas contra seus clientes.
Para o advogado Edson Junji Torihara, que defende a vice-presidente da Cisco, Daniela Wink Ruiz, as prisões temporárias "têm se tornado prática comum das autoridades para conseguir provas em um ato só". Segundo ele, não há acusações formais contra sua cliente. "Há uma decisão que, de forma genérica, cita os crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, sonegação, corrupção ativa e passiva. Vamos analisar as provas para definir do que exatamente ela [Ruiz] está sendo responsabilizada." (CR)

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