São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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Cai diferença do preço das marcas próprias das redes para o das líderes

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor ficou sem saída. Nem mesmo as chamadas marcas próprias, que pertencem à rede varejista -com itens até 40% mais baratos que a média-, escaparam dos reajustes após a disparada do dólar. Há aumento no açúcar das marcas Extra e Carrefour, assim como no arroz e até no detergente de limpeza.
Fabricantes chegaram a solicitar reajustes superiores aos pedidos por marcas líderes, como informa o Pão de Açúcar. O varejo tenta barrar os pedidos, mas há um problema -que pode afetar o bolso do consumidor.
Normalmente, as lojas fecham acordos com pequenos e médios fabricantes para a produção da mercadoria com o seu nome estampado. Há casos de grandes empresas, como Cargill e Unilever, fabricando também. Mas uma boa parte é de pequenos produtores, com capital de giro escasso e dificuldade de lidar com o aumento nos custos em dólar. Essas companhias dizem, na mesa de negociação, que, se não remarcarem os preços, quebram.
Ou, pelo menos, não manterão mais a mesma qualidade no produto exigida pela rede. Nesse caso, como ocorre normalmente, o varejo troca de fornecedor. Seria fácil, se não quase impossível. Não há muitos fornecedores de alimentos, de médio porte, que conseguem revender à loja um item com preço competitivo, qualidade e custo baixo.
Com isso, o varejo analisa as contas que a indústria apresenta e acaba aceitando os aumentos propostos. Isso está ocorrendo.

Conta mais alta
A Colombo, fabricante do açúcar Caravelas para a rede Carrefour, pediu aumento e conseguiu o reajuste de 45% -mesma taxa obtida pela União e Cosan, líderes do setor. O Caravelas surgiu como opção às outras marcas. Era a solução do Carrefour para a pressão de grandes fornecedores. Todos conseguiram seus aumentos.
Hoje, o Caravelas custa R$ 1,35 na loja da rede nos Jardins, em São Paulo. O União, R$ 1,39. "Custo sobre para todo mundo", diz Carlos Alberto de França, representante comercial da marca.
Resultado: em alguns casos, cai a diferença de preços entre os itens de marca própria e o de grandes fabricantes. Isso ocorre porque, segundo a Folha apurou, os fornecedores de itens de consumo básico conseguiram, em alguns casos, reajustes maiores do que a média. Um caso é o arroz.
Fabricantes de marcas próprias lançam itens até 40% mais baratos que os dos líderes porque não gastam com marketing, campanhas ou embalagens caras. Mas no arroz essa diferença é pequena.
Na rede Extra, o arroz com a marca da loja estampado sai por R$ 8,15. O da líder Camil, R$ 8,64 -o primeiro custa apenas 6% menos que o segundo. A mercadoria foi alvo de divergências recentes entre grandes fabricantes e supermercados. Como o preço da saca do arroz (com casca) quase dobrou em seis meses, a indústria propôs aumentos e conseguiu.
Os supermercados dizem que a pequena diferença de preços entre esses produtos sempre existiu. Neste momento, como ambos sobem na mesma velocidade, a diferença continua. A indústria discorda. "A qualidade dos itens de marca própria mudou muito e está bem melhor. Para isso acontecer, os custos subiram, e essa diferença de preços entre as marcas caiu", diz Gustavo Razzo, da Indústrias Razzo.
A empresa solicita há mais de três meses reajustes no valor do detergente produzido às redes. "Só a soda cáustica subiu mais de 150% neste ano", diz.


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