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Cai diferença do preço das marcas
próprias das redes para o das líderes
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor ficou sem saída.
Nem mesmo as chamadas marcas
próprias, que pertencem à rede
varejista -com itens até 40%
mais baratos que a média-, escaparam dos reajustes após a disparada do dólar. Há aumento no
açúcar das marcas Extra e Carrefour, assim como no arroz e até
no detergente de limpeza.
Fabricantes chegaram a solicitar
reajustes superiores aos pedidos
por marcas líderes, como informa
o Pão de Açúcar. O varejo tenta
barrar os pedidos, mas há um
problema -que pode afetar o
bolso do consumidor.
Normalmente, as lojas fecham
acordos com pequenos e médios
fabricantes para a produção da
mercadoria com o seu nome estampado. Há casos de grandes
empresas, como Cargill e Unilever, fabricando também. Mas
uma boa parte é de pequenos produtores, com capital de giro escasso e dificuldade de lidar com o
aumento nos custos em dólar. Essas companhias dizem, na mesa
de negociação, que, se não remarcarem os preços, quebram.
Ou, pelo menos, não manterão
mais a mesma qualidade no produto exigida pela rede. Nesse caso, como ocorre normalmente, o
varejo troca de fornecedor. Seria
fácil, se não quase impossível.
Não há muitos fornecedores de
alimentos, de médio porte, que
conseguem revender à loja um
item com preço competitivo, qualidade e custo baixo.
Com isso, o varejo analisa as
contas que a indústria apresenta e
acaba aceitando os aumentos
propostos. Isso está ocorrendo.
Conta mais alta
A Colombo, fabricante do açúcar Caravelas para a rede Carrefour, pediu aumento e conseguiu
o reajuste de 45% -mesma taxa
obtida pela União e Cosan, líderes
do setor. O Caravelas surgiu como
opção às outras marcas. Era a solução do Carrefour para a pressão
de grandes fornecedores. Todos
conseguiram seus aumentos.
Hoje, o Caravelas custa R$ 1,35
na loja da rede nos Jardins, em
São Paulo. O União, R$ 1,39.
"Custo sobre para todo mundo",
diz Carlos Alberto de França, representante comercial da marca.
Resultado: em alguns casos, cai
a diferença de preços entre os
itens de marca própria e o de
grandes fabricantes. Isso ocorre
porque, segundo a Folha apurou,
os fornecedores de itens de consumo básico conseguiram, em alguns casos, reajustes maiores do
que a média. Um caso é o arroz.
Fabricantes de marcas próprias
lançam itens até 40% mais baratos que os dos líderes porque não
gastam com marketing, campanhas ou embalagens caras. Mas
no arroz essa diferença é pequena.
Na rede Extra, o arroz com a
marca da loja estampado sai por
R$ 8,15. O da líder Camil, R$ 8,64
-o primeiro custa apenas 6%
menos que o segundo. A mercadoria foi alvo de divergências recentes entre grandes fabricantes e
supermercados. Como o preço da
saca do arroz (com casca) quase
dobrou em seis meses, a indústria
propôs aumentos e conseguiu.
Os supermercados dizem que a
pequena diferença de preços entre esses produtos sempre existiu.
Neste momento, como ambos sobem na mesma velocidade, a diferença continua. A indústria discorda. "A qualidade dos itens de
marca própria mudou muito e está bem melhor. Para isso acontecer, os custos subiram, e essa diferença de preços entre as marcas
caiu", diz Gustavo Razzo, da Indústrias Razzo.
A empresa solicita há mais de
três meses reajustes no valor do
detergente produzido às redes.
"Só a soda cáustica subiu mais de
150% neste ano", diz.
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