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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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CONTAS PÚBLICAS

Queda do dólar traz melhor resultado desde o Plano Real; em 2003, houve prejuízo de R$ 17 bilhões

BC registra lucro recorde de R$ 29 bilhões

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central teve um lucro recorde de R$ 29,083 bilhões entre janeiro e setembro deste ano. O resultado, o maior desde a implantação do Plano Real (1994), é consequência da queda do dólar e das operações do BC com títulos públicos realizadas no período.
Com o lucro alcançado neste ano, o BC já consegue compensar o prejuízo de R$ 16,891 bilhões acumulado nos primeiros nove meses do ano passado. Na ocasião, ao contrário do que acontece hoje, a disparada do dólar e a desvalorização dos títulos do governo tiveram forte impacto nas contas do BC.
O resultado do BC, seja ele positivo ou negativo, é sempre transferido para o Tesouro Nacional. A maior parte desse lucro -ou prejuízo- tem origem em operações feitas no mercado financeiro.
As demonstrações financeiras relatando o desempenho do BC no terceiro trimestre devem ser oficialmente divulgadas na semana que vem, depois de aprovadas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Os documentos, segundo a Folha apurou, mostram que as operações no mercado aberto explicam boa parte do lucro alcançado pela instituição.
Essas transações são feitas para controlar a quantidade de dinheiro em circulação no mercado. Entre janeiro e setembro, elas renderam R$ 52,9 bilhões ao BC.
Diariamente, o BC monitora o volume de dinheiro que circula no mercado, para evitar que sobrem ou faltem recursos nos bancos. Esse controle é feito por meio da compra e venda de títulos públicos. O BC mantém em sua carteira uma grande quantidade de papéis, que podem ser negociados a qualquer momento.
Assim, quando os títulos do governo se valorizam, o BC sai ganhando, pois a cotação dos papéis de sua carteira sobe. Além disso, as operações no mercado aberto incluem ainda o ganho que o BC teve neste ano com as operações de "swap" cambial.
Numa tentativa de conter a disparada do dólar, o BC começou, no ano passado, a vender contratos de "swap". Esses papéis, que pagam aos investidores a variação cambial acumulada em determinado período, servem para desestimular o mercado a aplicar seus recursos diretamente na compra de dólares. Isso acaba tirando um pouco da pressão sobre a cotação da moeda americana.
Quando o dólar sobe, portanto, o BC tem perda -e vice-versa. Entre janeiro e setembro deste ano, graças à valorização do real, esses contratos de "swap" renderam R$ 11,9 bilhões ao BC.
Os ganhos do BC compensam parte das despesas referentes a outras operações, como a remuneração da conta única do Tesouro Nacional. É no BC que ficam depositados os recursos do Tesouro, numa espécie de conta remunerada. Entre janeiro e setembro, os juros pagos por essa conta foram de R$ 12,7 bilhões.


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