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RECEITA GRADUAL?
Juro é decisão do BC, afirma porta-voz de Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O porta-voz da Presidência da
República, André Singer, afirmou
ontem que a definição da taxa de
juros é "responsabilidade exclusiva" do Copom (Comitê de Política Monetária). Na quarta-feira, a
taxa caiu de 19% para 17,5% ao
ano.
Segundo a Folha apurou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pressionou o BC (Banco Central)
a reduzir a taxa básica de juros
(Selic) em 1,5 ponto percentual. A
redução foi maior do que a esperada pelo mercado financeiro.
O presidente teria exigido "mais
pressa ao pessoal do BC", segundo confirmou um assessor direto.
O pedido de Lula teria chegado ao
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, que articulou
a queda. O mercado esperava
queda de apenas um ponto percentual. Oficialmente, o governo e
o Banco Central negam interferência política na fixação da taxa
Selic.
"O presidente Lula confia no
trabalho do Banco Central, sabe
que tais decisões obedecem a critérios técnicos e confia nas pessoas que nomeou para esse trabalho", afirmou Singer.
A expectativa do mercado de
queda de um ponto percentual,
assumida nas duas últimas semanas, convenceu Lula a pressionar
o BC por uma queda maior
-queda reivindicada pelos empresários do setor produtivo.
O desejo de Lula é que, em meados de dezembro, na última reunião do ano do Copom, órgão do
BC que fixa mensalmente a taxa
Selic, os juros caiam novamente
entre 1 e 1,5 ponto percentual. Os
juros fechariam 2003 entre 16% e
16,5% ao ano. Desde junho, a taxa
básica já caiu nove pontos percentuais.
Quedas
Há duas semanas, falava-se numa queda entre "50 e 100 pontos"
-o que, no jargão técnico do BC,
equivale a 0,5 e a 1 ponto percentual. A partir da última segunda-feira, houve alteração, com membros do governo admitindo reservadamente uma queda entre "100
e 150 pontos".
Além de atender Luiz Inácio Lula da Silva e de agradar ao setor
produtivo, o Banco Central de
Meirelles mostrou que seu gradualismo não significará obediência cega ao desejo do mercado financeiro.
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