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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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RECEITA GRADUAL?

Juro é decisão do BC, afirma porta-voz de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O porta-voz da Presidência da República, André Singer, afirmou ontem que a definição da taxa de juros é "responsabilidade exclusiva" do Copom (Comitê de Política Monetária). Na quarta-feira, a taxa caiu de 19% para 17,5% ao ano.
Segundo a Folha apurou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou o BC (Banco Central) a reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual. A redução foi maior do que a esperada pelo mercado financeiro.
O presidente teria exigido "mais pressa ao pessoal do BC", segundo confirmou um assessor direto. O pedido de Lula teria chegado ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que articulou a queda. O mercado esperava queda de apenas um ponto percentual. Oficialmente, o governo e o Banco Central negam interferência política na fixação da taxa Selic.
"O presidente Lula confia no trabalho do Banco Central, sabe que tais decisões obedecem a critérios técnicos e confia nas pessoas que nomeou para esse trabalho", afirmou Singer.
A expectativa do mercado de queda de um ponto percentual, assumida nas duas últimas semanas, convenceu Lula a pressionar o BC por uma queda maior -queda reivindicada pelos empresários do setor produtivo.
O desejo de Lula é que, em meados de dezembro, na última reunião do ano do Copom, órgão do BC que fixa mensalmente a taxa Selic, os juros caiam novamente entre 1 e 1,5 ponto percentual. Os juros fechariam 2003 entre 16% e 16,5% ao ano. Desde junho, a taxa básica já caiu nove pontos percentuais.

Quedas
Há duas semanas, falava-se numa queda entre "50 e 100 pontos" -o que, no jargão técnico do BC, equivale a 0,5 e a 1 ponto percentual. A partir da última segunda-feira, houve alteração, com membros do governo admitindo reservadamente uma queda entre "100 e 150 pontos".
Além de atender Luiz Inácio Lula da Silva e de agradar ao setor produtivo, o Banco Central de Meirelles mostrou que seu gradualismo não significará obediência cega ao desejo do mercado financeiro.


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