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APLICAÇÕES
Queda dos juros leva investidores a migrar para a renda mista, com o objetivo de aproveitar a alta da Bolsa
Inflação baixa derruba captação de fundo DI
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A queda dos juros e a menor volatilidade cambial, além de estimular o mercado acionário, desencadearam um processo de migração de investidores dos fundos
DI (fundos que têm seu rendimento atrelado à taxa de juros)
para as carteiras de renda mista.
Entre o final de julho e os primeiros dez dias deste mês, os fundos de renda mista receberam novas aplicações no total de R$ 12,53
bilhões. No mesmo período, as
carteiras de DI sofreram resgates
que totalizaram R$ 5,89 bilhões,
segundo levantamento da consultoria Thomson Financial. Fundos
de renda mista são aqueles que
permitem ao gestor aplicar no
mercado de câmbio, em juros e na
Bolsa de Valores.
Aproveitar momento
"Os investidores que estão migrando tentam se aproveitar de
parte dessa subida das Bolsas",
afirma Mauro Halfeld, professor
de finanças da Universidade Federal do Paraná. "Nesse mercado
[de fundos mistos] há de tudo.
Desde os mais conservadores, que
dividem as carteiras em um terço
no câmbio, outro nos juros e outro na Bolsa, até os mais agressivos, em que o gestor tem autorização para mudar de posição [trocar Bolsa por juros, por exemplo]
quando quiser", completa.
Para o economista, a continuidade desse movimento de migração dependerá do cenário macroeconômico nos próximos meses. "São carteiras de risco e qualquer reversão de expectativa em
relação à economia pode mudar o
ânimo da Bolsa e, consequentemente, o interesse por esses fundos", afirma Halfeld.
O Unibanco obteve destaque
entre os administradores. Com
R$ 1,77 bilhão no período, ocupou a liderança entre os gestores
que mais captaram recursos para
as carteiras desses fundos. O braço de "asset management" do
banco Pactual ficou em segundo,
com R$ 990 milhões arrecadados.
O Brasil manteve-se no mês
passado como o país da América
Latina que mais recursos atraiu
para fundos de investimentos.
No total, as carteiras captaram o
equivalente a US$ 1,52 bilhão
-desse valor, US$ 645 milhões
foram para as carteiras de renda
fixa (DI) e US$ 550 milhões para
as de renda mista (ações e DI). No
mês os fundos de renda fixa tiveram crescimento real de 0,68%,
contra 1,27% dos de renda fixa.
A despeito de terem acumulado
rendimento médio positivo de
8% no mês, os fundos de renda
variável (ações) perderam (em
resgates) o equivalente a US$
166,3 milhões de suas carteiras.
Segundo maior mercado de
fundos do continente, o México
voltou a ter resultado positivo em
outubro, com os depósitos superando os resgates em US$ 491 milhões. Parte desse resultado, segundo o economista Guillermo
Mazzoni, diretor do departamento de análise da Thomson, é decorrente de um melhor humor
dos investidores diante da possibilidade de que a recuperação da
economia mexicana -dependente da dos EUA- se confirme
nos primeiros meses de 2004.
Sozinho, o Brasil respondia, em
outubro, por 79% de toda a indústria de fundos da região. As carteiras de fundos do país administram patrimônio líquido equivalente a US$ 166,9 bilhões -no
ano, as captações somam US$
15,68 bilhões. As do México somam US$ 32,98 bilhões (15,6% do
mercado latino-americano).
Com captação de US$ 1,30 bilhão apenas em outubro, os fundos chilenos conseguiram reverter a sangria registrada no primeiro semestre. Desse total, 89,2%
(ou US$ 1,16 bilhão) seguiram para carteiras de renda fixa.
Na Argentina, onde os investidores, depois da débâcle de 2001
(e do corralito, a restrição para saques), voltam a manter dinheiro
nos bancos, os fundos registraram captação de US$ 159 milhões
no mês passado.
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