São Paulo, domingo, 22 de novembro de 1998

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Câmbio ajudou a derrubar a inflação

da Sucursal de Brasília

Até 94, a taxa de câmbio quase só interessava a banqueiros, exportadores e gente que queria viajar ao exterior. Hoje, ela afeta toda a política econômica do governo e, consequentemente, a vida de todos.
Para começar, a inflação foi controlada graças ao câmbio. Quando, em julho de 94, o governo deixou de corrigir a taxa de acordo com a inflação, as importações ficaram mais baratas. Para competir com os importados, os empresários brasileiros pararam de subir seus preços.
O poder aquisitivo em dólar da população cresceu. Brasileiros passaram a comprar mais produtos estrangeiros e a gastar mais em viagens ao exterior. Logo de início, a sensação de riqueza estimulou o consumo e os investimentos, fazendo a economia crescer.
Os problemas começaram quando ficou claro que o país corria o risco de perder suas reservas em moeda estrangeira, fundamentais para pagar a dívida externa, as importações e manter de pé o Plano Real.
Para evitar a perda de dólares, o governo elevou os juros com objetivo de atrair investidores externos e começou uma política de desvalorização do real, até aqui sem os resultados desejados.
Com juros altos, caem o consumo e o investimento, e a economia cresce menos ou até encolhe. Com crescimento insatisfatório e importados tomando o lugar de produtos brasileiros, o resultado é o aumento do desemprego.
Os juros altos fazem a dívida do governo disparar. Para conseguir dinheiro e pagar suas dívidas, o governo é obrigado a sacrificar gastos com saúde e educação.
Não há uma receita pronta e sem riscos para sair da armadilha da política cambial. Uma desvalorização repentina do real poderia trazer de volta a inflação. A saída proposta pelo governo é reduzir o déficit público e desvalorizar o real aos poucos.



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