UOL


São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REPERCUSSÃO/ALTA DOS JUROS

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, economista-chefe do Unibanco
"Creio que o principal objetivo do Banco Central com essa elevação de meio ponto percentual é conquistar credibilidade. Mas acho difícil que seja suficiente para fazer a inflação ficar em 8,5% neste ano. Isso vai depender de outros fatores, como o comportamento do câmbio."

ROBERTO PADOVANI, sócio da Tendências Consultoria
"A decisão do BC foi coerente com o que está escrito na carta aberta divulgada ontem [anteontem] pela instituição. Tudo indica que a inflação projetada pelo BC para este ano estava acima da meta de 8,5%. Nesse sentido, o BC demonstrou comprometimento com a meta estabelecida. Mais do que isso, a autoridade monetária sinalizou que não usará instrumentos como congelamento de preços e intervenção no mercado para tentar controlar a inflação. Hoje [ontem], o PT deu um passo decisivo para conquistar credibilidade no mercado."

JOSÉ CÉZAR CASTANHAR, professor da Ebape/ FGV
"Essa elevação de juros me deixou frustrado. O PT começou repetindo a política monetária que havia criticado durante oito anos. Mais uma vez, fica mais difícil a retomada da economia. Além disso, a eficácia de um aumento de 0,5 ponto percentual para o recuo da inflação é questionável e sem dúvida terá grandes efeitos negativos sobre a dívida pública. O governo terá gastos anuais de R$ 2 bilhões a mais com pagamento de juros se essa taxa for mantida por 12 meses."

MÁRIO MESQUITA, economista-chefe do ABN-Amro
"O aumento da Selic era necessário para fazer com que as expectativas de inflação caiam mais rapidamente. Errar a meta já ajustada abalaria muito o regime em vigência, por isso a importância de ter elevado os juros nessa primeira reunião com o novo presidente do Banco Central. Se o dólar permanecer nos patamares atuais, acredito que novos aumentos [dos juros] podem ser descartados. Já para cortes [da taxa] não vejo possibilidade antes do final do primeiro semestre."

ARMANDO MONTEIRO NETO, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
"É preciso tempo para que a política monetária mostre resultados. E não há sinais de demanda excessiva pressionando os preços. A nova alta dos juros vai provocar dificuldades para a atividade produtiva. Assim, tornam-se cada vez mais necessárias medidas para reduzir o spread bancário e reequilibrar o custo do capital para as empresas."

MARCELO DE ÁVILA, analista-chefe da Global Invest
"O aumento foi de graça, não teve nenhuma justificativa real. A inflação já começou a entrar em um processo de desaceleração. Um novo aumento não traz nenhuma credibilidade para o BC. A grande preocupação que o governo deveria ter é o forte impacto negativo sobre a dívida pública que uma decisão dessas traz."

SALOMÃO QUADROS, coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
"Até agora o Banco Central vinha fazendo muitas declarações, mas não havia tido oportunidade para agir. Essa foi a primeira atitude e considero que foi um bom começo. O importante é que o BC consiga criar uma reputação em meio ao mercado. A decisão mostra ao mercado que um Banco Central em um governo do PT pode elevar os juros, apesar de o partido ter criticado essa atitude por muito tempo."

GETÚLIO PERNAMBUCO, economista da CNA (Confederação Nacional de Agricultura)
"Apesar de as taxas para os agricultores serem prefixadas, a elevação da Selic afeta diretamente o crédito para a produção rural. O motivo é que, para financiar todas as etapas de produção, os agricultores dependem de um mix de várias linhas de crédito. Muitas delas são reguladas pela Selic."

JOÃO BOSCO, presidente do Movimento Nacional dos Produtores
"O aumento da taxa vai inibir a tomada de crédito e dificultar os investimentos na modernização do equipamento agrícola."


Texto Anterior: Receita ortodoxa: Era Lula no BC começa com alta de juros
Próximo Texto: Meta de inflação "é de pedra", diz Delfim
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.