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Economista do Ipea concorda com medida devido ao nível da inflação
Nelson Perez/Valor
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O economista Paulo Levy, do Ipea, que concordou com a medida |
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Paulo Levy, do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), afirma que o
BC agiu de forma correta ao aumentar os juros. Seu argumento é
que a inflação mantém-se em ""níveis relativamente complicados"
e que, dada essa circunstância, era
necessária uma ação mais ""incisiva" do BC para inverter as expectativas (de inflação).
Para o economista, o aumento
de meio ponto serviria como uma
mensagem ao mercado e os setores produtivos de que o BC não
""será frouxo com a inflação".
(JOSÉ ALAN DIAS)
Folha - Que avaliação o sr. faz
deste aumento dos juros?
Paulo Levy - Como permanecemos com inflação em um nível relativamente complicado, era necessária uma ação mais incisiva
do BC no sentido de inverter principalmente as expectativas [de inflação". O aumento dos juros terá
impacto muito mais importante
nesse aspecto do que sobre o lado
real da economia. Foi positivo.
Folha - Um aumento de meio ponto basta para inverter essas expectativas?
Levy - O BC sinalizou que aumenta os juros quando for preciso. E era preciso aumentar. Estamos com uma perspectiva de inflação em que mesmo a meta
ajustada [de 8,5% para este ano"
será difícil de ser cumprida, dada
a pressão inflacionária que temos
que carregar. O choque inicial
veio do câmbio. Mas a propagação não ocorre de uma vez, há
efeitos secundários: uma empresa
cujos insumos aumentam por
conta do dólar só vai repassar depois de um período e assim de
forma sucessiva dentro de uma
cadeia. Não se sabe ainda se todo
o efeito do câmbio do ano passado já se manifestou.
Ao rever [anteontem" a meta de
inflação, o BC não permitiu ao mercado alimentar expectativa de que
a inflação de 2003 será maior que
os 8,5% de meta oficial ou os 13%
estimados pelo próprio mercado?
Levy - O BC simplesmente reconheceu um fato: de que seria muito difícil manter a inflação no teto
de 6,5%. A inflação de janeiro será
em torno de 2%. Será muito difícil
que o acumulado dos primeiros
quatro ou cinco meses do ano fique abaixo de 5%. Você não consegue desvincular a inflação de
hoje da passada. Como o que interessa não é inflação de um mês ou
mesmo de um ano, mas a tendência, ele aceita o impacto primário
em um determinado período e
trabalha para impedir que o efeito
se propague. O que o BC deixou
claro foi sua disposição de aumentar os juros, de combater a inflação. ""Aumento os juros um
pouco hoje, mas, se precisar, aumento mais", foi esse o recado. Se
as pessoas acreditarem que o BC
será frouxo com a inflação, elas fazem reajustes preventivos.
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