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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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SOBE E DESCE

Mercado recebe bem alta dos juros, e moeda diminui valorização

Dólar sobe menos com decisão do BC

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação da Selic (taxa básica de juros) em meio ponto percentual foi bem recebida no mercado de câmbio. Apesar de o dólar ter fechado cotado a R$ 3,515, com alta de 0,86%, a moeda norte-americana chegou a subir 1,78% na máxima do dia, antes do anúncio feito pelo Copom (Conselho de Política Monetária do Banco Central). Essa foi a quarta valorização consecutiva da moeda, que, desde 14 de janeiro, já subiu 7,9%.
O cenário, no entanto, permaneceu negativo no mercado externo. O C-Bond, principal título da dívida do governo brasileiro, caiu 1,27%. A desvalorização dos papéis públicos e privados do país fez o risco-país, medido pelo JP Morgan, subir 2,05%, para 1.392 pontos.
"A principal importância da elevação foi o seu simbolismo. O BC demonstrou que está comprometido com as metas de inflação e mostrou credibilidade ao mexer com a taxa", disse Aquiles Mosca, economista do ABN-Amro Asset Management.
"O BC mostrou em sua primeira reunião que é independente e tem credibilidade. O recuo do dólar foi um sinal de percepção do mercado de que o BC irá manter a austeridade monetária", afirmou Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimentos.
Segundo analistas, a alta da moeda norte-americana continua muito relacionada às más perspectivas internacionais e à baixa liquidez.
Na Venezuela, foi aprovado o fechamento do mercado cambial por cinco dias, a partir de ontem. O motivo dado pelo governo foi a contenção de uma maxidesvalorização da moeda local, em decorrência da fuga de capitais por causa das instabilidades do país.
No Iraque, a cada dia parece que o ataque liderado pelos Estados Unidos está mais próximo.
"Se o cenário lá fora não estivesse tão comprometido, poderíamos ter uma recuperação mais rápida e permanente do câmbio", disse Utsumi.
Para Mosca, o conflito traz o temor de uma alta permanente do preço do petróleo e de queda no nível de atividade econômica mundial.
Já o pouco volume sendo negociado no mercado de câmbio faz, segundo analistas, com que a moeda opere com volatilidade acentuada. Segundo um operador, quase todas as operações, mesmo as pequenas, têm refletido na cotação do dólar.
Além disso, alguns analistas acreditam que os investidores estão fazendo uma análise mais pessimista entre o discurso e as reais possibilidades do governo de realizar suas ações. Para eles, enquanto as presidências da Câmara e do Senado não forem determinadas e os novos deputados e senadores forem empossados, o mercado não terá mais reações positivas ao que é visto hoje apenas como uma possibilidade.


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