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BOLSAS
Alta exagerada da ação de elétrica provocou distorções no mercado futuro e levantou suspeita de manipulação
Lightpar ficará fora do Índice Bovespa
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A ação ON (com direito a voto)
da Lightpar, que causou uma reviravolta no mercado brasileiro após
a alta de 2.474% do preço em março, vai sair do índice da Bolsa de
Valores de São Paulo, o chamado
Índice Bovespa.
É o que sinaliza a primeira prévia
da composição do novo índice,
que passa a vigorar em maio. A
prévia foi divulgada ontem à tarde,
oito dias antes do previsto, a pedido do mercado, segundo a Bolsa de
Valores de São Paulo.
O índice Bovespa é uma espécie
de carteira fictícia que contém, pelo menos teoricamente, as ações
mais negociadas no mercado.
Os papéis que fazem parte dessa
carteira e seu peso relativo mudam
a cada quatro meses. Utiliza-se como base para o cálculo os últimos
12 meses.
No caso da Lightpar ON, a forma
de cálculo do índice Bovespa levou
a uma distorção. A Lightpar, que
tinha papéis da Eletrobrás e força,
tornou-se um casco sem conteúdo
em reestruturações de setembro
de 98. Mas a forma de cálculo do
índice encobriu essa mudança.
Com isso, uma empresa com menos de R$ 1 milhão de ações em
Bolsa acabou influenciando no índice e mexendo com um mercado
de R$ 200 bilhões.
Com uma valorização ainda
inexplicada de 2.474% em março, a
pequena Lightpar ON acabou puxando para cima o índice Bovespa
também na Bolsa de Mercadorias
& Futuros.
Desde o dia 16, Lightpar ON está
fora da Bolsa, por determinação da
Comissão de Valores Mobiliários,
que está investigando a existência
de "informação privilegiada" por
parte de investidores no caso.
Com a Lightpar de fora, os especuladores correram atrás de outros
papéis semelhantes, de empresas
com pouco capital no mercado. É
possível puxar a ação dessas empresas para cima com poucos recursos, pouco mais de R$ 100 mil, e
influenciar o Ibovespa futuro.
Mas a primeira prévia do Ibovespa de maio mostra que também essas ações vão ficar de fora do índice: saem Ericsson PN (sem direito
a voto), Sharp PN, Acesita PN, Belgo PN, Ceval PN, Cosipa PNB,
Emae PN e Unipar PNB.
Para alguns analistas, não há "informação privilegiada" no "caso
Lightpar", mas só manipulação de
mercado. Os investidores pretendiam ganhar vendendo Índice Bovespa Futuro.
Segundo especialistas, a queda
de 2,84% na Bolsa, ontem, pode ser
atribuída às novidades no Ibovespa. Sem a Lightpar ON e outras
ações de fácil manipulação, o Ibovespa pode perder sua força.
Dívidas em dólar
O presidente da CVM, Francisco
da Costa e Silva, disse ontem, em
Brasília, que o "caso Lightpar" está
sendo tratado como "prioridade"
na entidade.
Costa e Silva esteve ontem no Ministério da Fazenda para conversar
com o ministro Pedro Malan.
No encontro, segundo o presidente da CVM, foi discutida a possibilidade de a entidade permitir
que as empresas com dívidas em
dólar diluam em seus balanços o
registro das perdas provocadas pela desvalorização cambial em 99.
Costa e Silva afirmou que a CVM
anunciará uma decisão sobre o assunto até amanhã. Ele afirmou que
a tendência da entidade é aprovar a
permissão.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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