São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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MERCADO FINANCEIRO

Dólar fecha estável a R$ 1,85; BC e BB atuam

da Reportagem Local

As atuações conjuntas do Banco Central e do Banco do Brasil, ontem, seguraram as pressões de alta no dólar e também impediram baixa brusca. No final do dia, a moeda dos EUA fechou a R$ 1,85, como na sexta-feira.
Os especialistas começam a perceber um comportamento padrão nas atuações do BC e do BB, estabelecendo uma espécie de banda informal de oscilação do dólar.
O mercado abriu a R$ 1,87, mas o BC atuou vendendo a R$ 1,865. O BC de Armínio Fraga não vai a mercado, como era feito na gestão de Gustavo Franco. Vende dólar diretamente e só para os grandes compradores.
Com a atuação do BC, o valor do dólar começou a despencar. Aí o BB comprou dólar, a R$ 1,85 e R$ 1,845. É a terceira vez na gestão de Fraga que o BB entra comprando com força, a pedido do BC, e impede queda maior nas cotações.
Um dos objetivos, segundo especialistas, é evitar solavancos grandes na cotação média ponderada pelo volume de negócios, o chamado Ptax, referência importante para o mercado.
Com o Ptax sem oscilações bruscas, fica mais fácil vender títulos da dívida interna indexados ao dólar. O Ptax é usado para o cálculo do rendimento desses títulos.
Na semana passada, com a oscilação menor no Ptax, o governo conseguiu, pela primeira vez desde a mudança na política cambial, em janeiro, vender títulos cambiais da dívida pública.
Ontem, pela primeira vez na história desses papéis cambiais, o BC vendeu todo o lote de R$ 300 milhões de NBC-Es (Notas do Banco Central da série E), a uma só taxa, de 31,44%. O vencimento desses papéis é no dia 4 de julho.
Até ontem, o BC pagava taxas máximas e médias. Mas passou a pagar uma taxa única para dar referência ao mercado, segundo técnico do BC. Como os bancos ainda não vêem a estabilidade relativa no Ptax como definitiva, pedem juros considerados muito díspares pelo BC para carregar as NBC-Es.
Hoje, o BC vai passar por grande teste. Vai vender títulos do Tesouro Nacional com taxas de juros prefixadas pela primeira vez desde meados do ano passado.
No over, o BC tomou dinheiro a 45%, mas emprestou aos bancos a 45,10%. O movimento é só de ajuste e não sinaliza alta nas taxas, diz técnico do BC.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)



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