São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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MEGANEGÓCIO
Operadora, que terá 11 milhões de assinantes e estará em 18% das casas do país, só fica atrás da Time Warner
Fusão de US$ 60 bi cria 2ª TV a cabo dos EUA

France Presse
Ralph e Brian Roberts (à esq. e à dir., respectivamente), da Comcast, e Chuck Lillis (centro), da MediaOne, que anunciaram fusão de US$ 60 bilhões


das agências internacionais

As empresas de TV a cabo dos EUA Comcast Corp. e MediaOne anunciaram ontem um acordo de cerca de US$ 60 bilhões.
A Comcast irá pagar cerca de US$ 53 bilhões em ações e assumirá débitos de aproximadamente US$ 7 bilhões.
A nova empresa deverá ser a segunda maior no segmento de TV a cabo dos EUA. Ficará atrás da Time Warner e será seguida pela AT&T, em terceiro lugar.
As operações conjuntas passarão a ter 11 milhões de assinantes e acesso a 18% dos domicílios norte-americanos. A renda das duas empresas superou os US$ 8 bilhões em 1998.
A proposta da Comcast apresenta prêmio de 32% em relação ao preço dos papéis da MediaOne na Bolsa de Nova York na sexta-feira. Os acionistas da MediaOne terão 64% da nova empresa.
As duas empresas terão capitalização de US$ 97 bilhões e grandes negócios no segmento de telecomunicação global, de serviços telefônicos e de Internet.
De acordo com o porta-voz da Comcast, a nova companhia deverá ser muito competitiva numa acirrada batalha para ser a maior empresa de TV a cabo dos EUA.
De acordo com alguns analistas, o valor da compra está sobrevalorizado. Richard Read, do Credit Lyonnais Securities, avalia que a Comcast irá pagar o equivalente entre 15 e 17 vezes os ganhos da empresa no próximo ano.
Para ele, a maioria das empresas do setor fez negócios entre 13 e 15 vezes o fluxo de caixa do ano seguinte.
A oferta da Comcast pela MediaOne ocorre alguns dias após a AT&T ter adquirido a Tele-Comunications, grande empresa de TV a cabo dos Estados Unidos, por US$ 59,4 bilhões.
"Essa transação cria uma companhia com uma combinação única de grande crescimento doméstico e negócios amplos em termos internacionais de telefonia", afirmou Chuck Lillis, executivo-chefe do MediaOne.

"Maior é melhor"
A onda de fusões no setor tem ocorrido para ampliar as possibilidades de novos serviços, como canais digitais, compras feitas on line e acesso mais rápido à Internet.
Estudos indicam que a transmissão de dados por cabo é cem vezes mais rápida do que a feita por telefone.
Nesse cenário, as empresas estão fundindo suas operações para viabilizar a expansão e implementação de novos serviços.
"As empresas de cabo decidiram que maior é melhor", afirmou Alan Lyons, da ABN Amro.
Para analistas, a indústria de TV a cabo irá continuar promovendo consolidações até as empresas do setor tornarem-se poucas e grandes competidoras.
Isso ocorre porque operações maiores garantem mais eficiência, capacidade de empréstimo e tecnologia mais avançada.
Além disso, a Comcast Corp. estima que reduzirá os custos operacionais em cerca de US$ 1 bilhão com a consolidação das matrizes e com a diminuição de 5% da força de trabalho.
A Microsoft tem 11,5% de participação na Comcast. Com a compra, o investimento da empresa de Bill Gates cairia para 5%. No entanto pessoas ligadas com a transação disseram que a Microsoft não vê problemas com a fusão.
A Comcast pretende continuar também as negociações para criar uma joint venture com a AT&T para serviços locais de telefone com cabo.
O negócio da Comcast com a MediaOne deve ser concluído em julho deste ano. A MediaOne não pode solicitar outras ofertas. Caso isso aconteça, terá de pagar uma multa de US$ 1,5 bilhão.


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