|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTA-GOTAS
Ata divulgada pelo Copom volta a dizer que "ritmo moderado de reduções" não
atrapalha recuperação da economia
BC defende opção por corte tímido nos juros
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central sinalizou ontem que não pretende promover
cortes muito pronunciados nos
juros básicos da economia, atualmente em 16% ao ano. Nas palavras do BC, "um ritmo mais moderado de reduções dos juros" é
"um sintoma natural" da "normalização do ambiente macroeconômico" e permitirá a criação
de um "cenário duradouro de estabilidade com crescimento".
As afirmações constam da ata
da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do
BC), que, na semana passada, decidiu reduzir os juros em 0,25
ponto percentual. Apesar de reconhecer que indicadores importantes do nível de atividade -como o desemprego e a produção
industrial- apresentam comportamento pouco animador, o
BC voltou a defender que a maior
lentidão na queda dos juros não
afeta a recuperação da economia.
"Não faz sentido inferir [...], de
forma mecânica, que um ritmo
mais moderado de reduções dos
juros corresponda a uma avaliação negativa sobre o comportamento futuro da inflação, ou que
dele se deva resultar pessimismo a
respeito da trajetória futura do nível de atividade", afirma a ata.
Em janeiro, o BC interrompeu
seqüência de sete cortes consecutivos na Selic. As reduções só voltaram a ocorrer nos últimos dois
meses, com quedas de 0,25 ponto
percentual em cada ocasião.
Diante das críticas que recebeu
pela relativa demora em reduzir
os juros -o que seria um obstáculo ao crescimento-, o BC diz
que "a atuação cautelosa da política monetária tem sido fundamental para aumentar a probabilidade
de que a inflação convirja para as
trajetórias das metas".
O BC afirma que já há sinais de
que a economia está se recuperando. É citado, entre outros fatores, o aumento na produção de
papelão -usado em embalagens
e visto como um termômetro do
nível de atividade- e de automóveis e nas vendas do varejo.
Por outro lado, a ata da reunião
do Copom mostra que um corte
mais acentuado nos juros aumentaria o risco de um descumprimento da meta de inflação fixada
pelo governo para este ano.
Nas contas do BC, se os juros
caírem para 14% ao ano e se a cotação do dólar subir até R$ 3,05
até dezembro, a alta da inflação
superaria os 5,5% previstos pelo
centro da meta, embora ficasse
dentro da margem de tolerância
de 2,5 pontos para cima ou para
baixo. A meta de 2005, de 4,5%,
também seria descumprida.
O BC ainda apresentou novas
projeções para o reajuste esperado para o gás de cozinha, que caiu
de 10% para 6,9%. No caso das tarifas de energia elétrica, a estimativa subiu de 6,9% para 8,5%.
No governo, discute-se a mudança da meta de inflação de
2005, o que, em tese, abriria espaço para cortes maiores nos juros.
O documento divulgado ontem
pelo BC não toca nesse assunto.
A ata do Copom também minimiza o efeito que uma possível alta nos juros dos EUA teria. Segundo o documento, os investidores
já incorporaram essa expectativa
às cotações atuais. Além disso, os
resultados positivos das contas
externas do Brasil deixariam o
país menos vulnerável.
Texto Anterior: Veículos: GM promove recall de 27,8 mil carros Próximo Texto: Meirelles vê ata em sintonia com discurso do Fed Índice
|