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Tribunal de Justiça informa que ainda não houve recursos contra liminar; empresa diz que acatará decisão
Light não vai à Justiça defender governo
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO
A Light informou ontem que
não recorrerá contra a liminar
concedida pelo juiz Alexander
dos Santos Macedo, 65, da 8ª Vara
de Falências e Concordatas, que
proibiu a cobrança de sobretaxas.
Ex-jogador de futebol do Atlético
Mineiro e do Fluminense, Macedo disse ontem que a sobretaxa é
"um confisco, um desrespeito ao
Código do Consumidor e à Constituição Federal".
O TJ (Tribunal de Justiça) informou que não houve recursos contra a liminar, mas procuradores
da República pediram cópia do
processo. O assistente-executivo
de operações da Light, José Márcio Ribeiro, disse que a companhia acatará a decisão da Justiça.
"Vamos levar a questão para ser
discutida na Câmara de Gestão da
Crise Energética. Afinal, somos
executores do processo e não articuladores. Não definimos as regras do jogo e temos como princípio acatar as decisões da Justiça."
A Cerj (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro), segunda
maior concessionária do Estado,
também foi proibida pela liminar
de cobrar a sobretaxa. A companhia informou que vai acatar a decisão judicial, mas não definiu
ainda se tentará um recurso.
A liminar atendeu à ação civil
pública ajuizada pela organização
não-governamental Ibraci (Instituto Brasileiro de Cidadania), que
estuda incluir na ação a Cenf
(Companhia de Eletricidade de
Nova Friburgo), que atende o
município de Nova Friburgo.
Funcionários da Light, em greve
desde anteontem, dizem que a
empresa não vai recorrer porque
"a cobrança das sobretaxas é impossível, assim como o corte de
energia dos reincidentes".
"Não é possível fazer cortes ou
cobrar a sobretaxa por excesso de
consumo. Além disso, a empresa
não tem mão-de-obra qualificada
para operar a base de dados, e não
existe a velocidade de informação
sobre os usuários que o governo
imagina", disse o engenheiro
Clayton Vabo, diretor do Sintergia (Sindicato dos Trabalhadores
em Energia).
AGU
A AGU (Advocacia Geral da
União) vai argumentar na Justiça,
para tentar derrubar as liminares
contra a sobretaxa da energia elétrica, que "o objetivo do plano de
racionamento é evitar o colapso
do sistema, o apagão generalizado", afirmou o advogado-geral,
ministro Gilmar Mendes.
O "ministro do apagão", Pedro
Parente, disse que "derrubar o racionamento é uma coisa que, infelizmente, ninguém vai conseguir". O que o governo tenta fazer,
afirmou, é permitir que ele o racionamento seja administrado
pelas famílias, não pelo próprio
governo ou não por ninguém.
Segundo Parente, a MP do racionamento está sendo reeditada
com mais artigos para o governo
ter maior segurança jurídica.
A AGU vai tentar transferir para
a Justiça Federal as ações que deram origem às liminares, movidas
no âmbito da Justiça dos Estados.
Para isso, vai argumentar que a
União tem interesse nas ações.
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