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PRIVATIZAÇÃO
Governo vence batalha jurídica e consegue fazer assembléia de cisão da empresa em 12 novas holdings
Telebrás já está dividida para a venda
CRISTIANA NEPOMUCENO
da Sucursal de Brasília
A assembléia de acionistas do
Sistema Telebrás oficializou ontem a cisão da empresa em 12 holdings regionais (quatro de telefonia fixa e oito de telefonia celular),
passo fundamental para a privatização da estatal.
O governo quer registrar no menor tempo possível, na Junta Comercial, na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários) e no mercado financeiro dos Estados Unidos,
as novas ações das 12 holdings.
"É um processo complexo, mas
queremos dar ao acionista minoritário a oportunidade de negociar
as novas ações nas Bolsas", disse o
ministro Luiz Carlos Mendonça de
Barros (Comunicações). Enquanto o registro não for feito, as ações
da Telebrás continuarão a ser negociadas normalmente.
"O acionista que tenha uma
ação da Telebrás terá direito a uma
ação de cada uma das 12 novas
holdings. Isso garantirá que a
mesma participação acionária que
ele tinha na Telebrás esteja reaplicada no conjunto das 12 empresas", disse Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telebrás.
Com a cisão, o patrimônio do
Sistema Telebrás, avaliado em R$
31,987 bilhões, também foi subdividido em 12. As quatro empresas
de telefonia fixa (Telenorte-Leste,
Telecentro-Sul, Telesp e a Embratel) ficaram com um patrimônio
de R$ 28,313 bilhões.
O patrimônio das oito holdings
de telefonia celular (Telesp, Telesudeste, Telemig, Telesul, Telecentro, Telenorte, Teleleste e Telenordeste) foi avaliado em R$ 3,674
bilhões.
Xavier Ferreira disse que a Telebrás ainda não está extinta. Ela
continua com uma pequena parte
do patrimônio. Para liquidar a
empresa, será necessário realizar
uma outra assembléia, ainda sem
data marcada.
O presidente da Telebrás informou que os conselhos de administração das novas holdings foram
eleitos ontem pela assembléia de
acionistas. Os conselheiros irão se
reunir posteriormente para eleger
os presidentes das holdings.
O edital de privatização do Sistema Telebrás será divulgado no
próximo dia 29. No dia 15 de julho,
o governo quer receber as propostas das empresas interessadas. O
governo espera arrecadar entre R$
15 bilhões e R$ 20 bilhões com a
venda de sua participação acionária na Telebrás.
Batalha jurídica
Para realizar a assembléia de
acionistas ontem o governo federal teve de enfrentar uma nova batalha jurídica, que durou quase todo o dia.
Quatro liminares concedidas pela Justiça Federal de Campinas
(SP), de Fortaleza (CE) e do Distrito Federal, no final da noite de
quinta-feira, suspenderam a reunião marcada para começar às 8h.
As liminares tiveram como origem ações civis e populares apresentadas pelo Ministério Público e
pelos sindicatos dos Trabalhadores em Telecomunicações.
Às 7h30, a oficial de Justiça Vania Lúcia Andrade chegou ao prédio da Telebrás, acompanhada de
três agentes da Polícia Federal, para notificar Xavier Ferreira.
Após ser notificado, o presidente
da Telebrás pediu aos acionistas
que esperassem até que a AGU
(Advocacia Geral da União) conseguisse cassar as quatro liminares, o que ocorreu às 16h.
Às 16h20, a assembléia foi reiniciada e, em menos de uma hora, os
acionistas votaram os 17 itens da
pauta. Segundo a oficial de Justiça,
a assembléia não foi oficialmente
instalada. Por isso, não poderia ter
sido retomada.
"Nós entendemos que a instalação da assembléia foi perfeitamente legítima. Os acionistas estavam
lá e eles aguardaram as decisões
judiciais", disse Xavier Ferreira.
As pendências judiciais em torno da privatização da Telebrás se
arrastaram por quase um mês.
Ontem, o STJ (Superior Tribunal
de Justiça) concedeu uma liminar
ao governo federal autorizando a
concentrar todas as futuras ações
contrárias à privatização na 1ª Vara da Justiça Federal de Manaus.
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