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Empresa quer pagar 80% para alguns trabalhadores; sindicato pretende rever cortes e ameaça convocar greve
GM demite 450 e negocia corte de salários
ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A GM (General Motors) demitiu ontem 450 funcionários da sua
unidade em São José dos Campos
(interior de SP). Os empregados
dispensados receberam da empresa dois papéis que davam as
opções: aderir ao PDV (Plano de
Demissões Voluntárias) ou assinar sua rescisão contratual.
Na noite de ontem, a empresa
informou que reabriu negociações com os trabalhadores, a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (ligado ao PSTU), e suspendeu o processo de demissão.
"A meta era demitir 600 funcionários, mas, durante o processo
de dispensas, o sindicato pediu
para retomarmos as negociações.
Interrompemos as demissões, e
amanhã [hoje] haverá nova reunião", disse o vice-presidente da
GM, José Carlos Pinheiro Neto.
A proposta da GM para paralisar as demissões na fábrica é a
adoção do "lay-off" -suspensão
do contrato de trabalho por até
seis meses, mediante pagamento
de 80% dos salários. Não está claro quantos funcionários teriam
que aderir a esse programa. Isso
também deverá ser objeto de negociação.
"O "lay-off" evita o mal maior.
Por esse sistema, pagamos 80%
do salário ao funcionário. O restante vem do governo", disse Pinheiro Neto.
No caso, vem de recursos do
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Ele é pago como uma
bolsa de qualificação, e o trabalhador deve participar de cursos
de requalificação profissional.
Pinheiro Neto informou que,
desde segunda-feira, 150 dos
9.000 funcionários da GM de São
Caetano aderiram ao "lay-off".
"Adotamos esse mecanismo por
duas vezes no ABC. Na primeira
vez, houve um afastamento de
três meses. Na segunda, por quatro meses. Encerrados esses períodos, os funcionários retornaram às suas atividades", disse.
Em São José, os metalúrgicos
não queriam negociar nem banco
de horas nem "lay-off". "Nossa
proposta é licença remunerada,
sem redução de salários", disse
Luiz Carlos Prates, presidente do
sindicato. "Vamos dar prazo de
48 horas para resolver o impasse e
inverter as 450 demissões. Caso
contrário, paramos por tempo indeterminado." Hoje, duas assembléias ocorrem na fábrica.
A GM já tinha informado ao
sindicato, na semana passada,
que tinha um excedente de funcionários em São José e que, caso
não conseguisse 600 adesões ao
PDV, iria demitir. A empresa
quer urgência na reestruturação
do quadro de funcionários.
No total, a GM emprega 8.500
pessoas em São José e paga salário
médio de R$1.400, de acordo com
informações do sindicato.
As demissões foram informadas aos funcionários por meio de
uma nota fixada no quadro de
avisos da empresa. O recado dizia
que a medida era necessária porque a empresa não havia chegado
a um acordo com o sindicato. No
entanto, os funcionários só souberam quem estava na lista dos
demitidos no final do expediente.
Segundo Prates, a GM demitiu
os funcionários para coagir o sindicato e mandar a mensagem de
que não está para brincadeira.
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