UOL


São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresa quer pagar 80% para alguns trabalhadores; sindicato pretende rever cortes e ameaça convocar greve

GM demite 450 e negocia corte de salários

ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A GM (General Motors) demitiu ontem 450 funcionários da sua unidade em São José dos Campos (interior de SP). Os empregados dispensados receberam da empresa dois papéis que davam as opções: aderir ao PDV (Plano de Demissões Voluntárias) ou assinar sua rescisão contratual.
Na noite de ontem, a empresa informou que reabriu negociações com os trabalhadores, a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (ligado ao PSTU), e suspendeu o processo de demissão.
"A meta era demitir 600 funcionários, mas, durante o processo de dispensas, o sindicato pediu para retomarmos as negociações. Interrompemos as demissões, e amanhã [hoje] haverá nova reunião", disse o vice-presidente da GM, José Carlos Pinheiro Neto.
A proposta da GM para paralisar as demissões na fábrica é a adoção do "lay-off" -suspensão do contrato de trabalho por até seis meses, mediante pagamento de 80% dos salários. Não está claro quantos funcionários teriam que aderir a esse programa. Isso também deverá ser objeto de negociação.
"O "lay-off" evita o mal maior. Por esse sistema, pagamos 80% do salário ao funcionário. O restante vem do governo", disse Pinheiro Neto.
No caso, vem de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Ele é pago como uma bolsa de qualificação, e o trabalhador deve participar de cursos de requalificação profissional.
Pinheiro Neto informou que, desde segunda-feira, 150 dos 9.000 funcionários da GM de São Caetano aderiram ao "lay-off". "Adotamos esse mecanismo por duas vezes no ABC. Na primeira vez, houve um afastamento de três meses. Na segunda, por quatro meses. Encerrados esses períodos, os funcionários retornaram às suas atividades", disse.
Em São José, os metalúrgicos não queriam negociar nem banco de horas nem "lay-off". "Nossa proposta é licença remunerada, sem redução de salários", disse Luiz Carlos Prates, presidente do sindicato. "Vamos dar prazo de 48 horas para resolver o impasse e inverter as 450 demissões. Caso contrário, paramos por tempo indeterminado." Hoje, duas assembléias ocorrem na fábrica.
A GM já tinha informado ao sindicato, na semana passada, que tinha um excedente de funcionários em São José e que, caso não conseguisse 600 adesões ao PDV, iria demitir. A empresa quer urgência na reestruturação do quadro de funcionários.
No total, a GM emprega 8.500 pessoas em São José e paga salário médio de R$1.400, de acordo com informações do sindicato.
As demissões foram informadas aos funcionários por meio de uma nota fixada no quadro de avisos da empresa. O recado dizia que a medida era necessária porque a empresa não havia chegado a um acordo com o sindicato. No entanto, os funcionários só souberam quem estava na lista dos demitidos no final do expediente.
Segundo Prates, a GM demitiu os funcionários para coagir o sindicato e mandar a mensagem de que não está para brincadeira.


Texto Anterior: Saiba mais: Veja algumas das razões da crise entre fabricantes
Próximo Texto: Falta consenso sobre pacote, diz Furlan
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.