São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NEGÓCIOS

Empresa divulga proposta para compra de papéis com direito a voto

Telmex faz oferta por ações da Embratel

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) divulga hoje o preço que os controladores da mexicana Telmex (Teléfonos de México) proporão aos investidores para comprar as ações ordinárias da Embratel que estão no mercado.
Os mexicanos pretendem comprar até o final deste ano todas as ações ordinárias (com direito a voto) da Embratel que estão nas mãos do mercado, com o objetivo de ampliar seu poder de controle sobre as decisões da gigante brasileira das telecomunicações.

Leilão
O leilão para a aquisição dos papéis será realizado na Bovespa, que divulga hoje o "fato relevante" com o preço proposto.
A Telmex quer pagar um valor de R$ 15,11 por cada lote de mil ações ordinárias da Embratel. Na sexta-feira passada, a cotação da Embratel ON fechou em R$ 14,69 por lote de mil.
Os mexicanos assumiram a Embratel no dia 23 do mês passado, quando pagaram US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) à americana MCI (ex-WorldCom), que controlava a empresa desde a privatização em 1998. As mudanças na operadora já começaram, e a reestruturação já provocou 1.300 demissões, segundo o sindicato de trabalhadores do setor.
Agora, a Telmex quer garantir aos acionistas minoritários da Embratel o chamado "tag along", isto é, a concessão, aos minoritários, do direito de vender suas ações por 80% do preço recebido pelos antigos controladores da empresa. Para o sucesso da oferta pública, é necessária a adesão dos minoritários.
O pedido de registro da OPA (oferta pública de aquisição de ações) já foi feito à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o órgão responsável pela fiscalização do mercado brasileiro de capitais.
O protocolo do pedido na autarquia foi formalizado pela Telmex Solutions Telecomunicações, uma controlada da Telmex.
Em um relatório do Unibanco, enviado na noite de sábado aos clientes, o analista do setor de telecomunicações da instituição, Edigimar Maximiliano, avalia que a oferta pública deve ser concluída até o final de novembro -considerando os prazos de praxe fixados pela CVM. A OPA só pode ser realizada após receber o sinal verde da autarquia.
No "fato relevante", a Telmex informa que o preço proposto aos investidores será pago à vista e será atualizado pela TR (taxa referencial) mais juros de 6% ao ano, a contar do dia 23 de julho até a data da liquidação do leilão. Segundo o Unibanco, a expectativa é de uma TR de 2,8% ao ano. A Telmex não citou estimativas do custo da operação de compra das ações.

Só ações ordinárias
A oferta pública se limita às ações ON, ou seja, a Telmex não pretende retirar de circulação os papéis PN. Caso isso também ocorresse, estaria configurada uma operação de fechamento de capital. Mas a Telmex já avisou que não pretende fechar o capital da Embratel. Na sexta-feira passada, a ação PN da empresa fechou cotada a R$ 7,63 por lote de mil.
As ações ordinárias dão ao seu controlador direito a voto nas reuniões de acionistas e, portanto, poder para influir na administração da companhia.
No Brasil, a Telmex também controla a Claro, operadora de telefonia celular, e está prestes a adquirir uma participação minoritária na Net, maior TV por assinatura da América Latina.
O acordo que permitirá a entra da Telmex no grupo de acionistas da Net foi anunciado no dia 28 de junho. Os mexicanos admitiram, inclusive, que estavam interessados em tornarem-se controladores da empresa, possibilidade confirmada pela Net, mas ainda impossível dadas as restrições impostas ela legislação brasileira.
A legislação brasileira impede que sócios estrangeiros ultrapassem o limite de 49% de participação no capital votante de empresas que operam serviços de TV paga no país. Existe no Senado, desde 2001, um projeto de lei que visa acabar com esse limite.
"A Net é um investimento estratégico para oferecermos serviços de voz, dados e vídeo. A nossa intenção é chegar a 51% do controle, caso a legislação brasileira venha a permitir isso no futuro", disse, à época, o diretor de alianças estratégicas da Telmex, Arturo Elías Ayub.


Texto Anterior: Política comercial: Alca será mais difícil com Kerry, diz estudo
Próximo Texto: Capital privado: Para bancos, há crédito e falta demanda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.