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CAPITAL PRIVADO
Em junho, a procura por financiamento bancário subiu 16% sobre igual mês de 2003, diz a Febraban
Para bancos, há crédito e falta demanda
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O crescimento do crédito bancário privado está concentrado
nos empréstimos às pessoas físicas e no capital de giro. A retomada de investimentos na indústria
se faz sentir apenas no aumento
da demanda para linhas de financiamento para máquinas e equipamentos.
As grandes empresas ainda não
bateram à porta dos bancos em
busca de dinheiro para aumentar
sua capacidade instalada. Novos
projetos de investimento de peso
só agora começam a sair da gaveta
para serem discutidos.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) calcula em 16% o
crescimento do crédito bancário
em junho de 2004, em relação ao
mesmo mês do ano passado. Trata-se de um número expressivo,
mas concentrado principalmente
no aumento de mais de 20% no
crédito ao consumidor.
O presidente da Febraban e do
Bradesco, Márcio Cypriano, diz
que não faltam recursos no sistema financeiro para custear um
novo ciclo de investimentos na
economia. "Há dinheiro suficiente para crescer", diz . Segundo ele,
há recursos tanto para a compra
de títulos públicos como para financiamento a investimentos. O
crédito no Brasil ainda é pequeno,
corresponde a 28% do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo ele, o Bradesco concedeu R$ 3,77 bilhões neste ano em
crédito para compra de equipamentos -11,9% mais do que em
igual período de 2003. De acordo
com Cypriano, faltam projetos
para financiar investimentos.
As indústrias, por sua vez, representadas pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), reclamam dos altos
juros bancários e dizem que esse é
um dos fatores da reduzida demanda. Outra razão é a incerteza
a respeito de um crescimento sustentado e de longo prazo.
O presidente do banco ABN
Amro, Fábio Barbosa, diz que há
disponibilidade de recursos para
curto prazo, isto é, de seis meses a
um ano. "Para cinco, dez anos,
não há muito. Não em reais", diz.
O presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, chama a atenção
para o fato de que neste ano o crédito bancário apresenta o melhor
desempenho desde 1996, ano de
euforia do Plano Real.
O fato de o maior volume de
crédito estar indo para pessoa física, além de pequena e média empresas, não é um sinal ruim, segundo presidentes de instituições
financeiras. Para Setubal, alguns
setores estão no limite de sua capacidade de produção, como o siderúrgico, e começam a mostrar
interesse em apresentar projetos
para novas plantas industriais.
Nos próximos dias, Setubal encaminhará uma carta para autoridades do governo, políticos e formadores de opinião na qual dirá
que o Itaú estima para este ano
um crescimento em torno de 25%
no seu saldo de empréstimos. O
Bradesco faz a mesma previsão.
Setubal ainda irá destacar que os
investimentos em títulos públicos
caíram para 15,24% do total de
empréstimos e títulos.
Para Cypriano, o que falta hoje
no país é investimento em infra-estrutura, que depende das PPPs
(Parcerias Público-Privadas) e de
avanços nas agências reguladoras.
O diretor-presidente do BNP
Paribas, Bernard Mencier, diz que
os empresários estão em fase de
conversas com os banqueiros. Segundo ele, os grandes financiamentos só deverão aparecer mesmo a partir de 2005. Mencier observa que as empresas deixaram
de investir por anos e, por isso,
têm caixa elevado. "Elas estão utilizando mais o caixa e os recursos
de fundos de investimento, antes
de tomar dinheiro caro", afirma.
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