São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

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Bovespa recua 0,15% em dia de baixa recorde do petróleo

Barril tem maior queda diária em dólares em NY desde 1991

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A baixa de 0,15% registrada ontem não comprometeu o resultado da Bovespa na semana. No período, a Bolsa conquistou valorização de 2,96%.
O que tirou a força do mercado acionário doméstico ontem voltou a ser o recuo nas cotações das commodities. O petróleo devolveu sua alta de quinta e encerrou a semana vendido a US$ 114,59 em Nova York, em queda de 5,44% ou US$ 6,59 -maior recuo diário em dólares desde janeiro de 1991, na época da Guerra do Golfo.
Com as commodities em baixa, Petrobras, Vale, Usiminas, Gerdau e outras estrelas da Bolsa encerraram o pregão valendo menos. Destaque para as quedas dos papéis da Vale, que recuaram 1,8% (PNA) e 1,62% (ON), e Usiminas PNA, que teve baixa de 1,49%.
Ao lado da depreciação das commodities, o mercado viu o dólar se recuperar. Em relação ao real, a moeda americana registrou apreciação de 1,06% e encerrou vendida a R$ 1,628. Mesmo assim, na semana, o dólar acumulou queda, de 0,73%.
Os pregões de ontem foram bem positivos nos EUA e na Europa. Em Wall Street, o Dow Jones subiu 1,73%. A Nasdaq, 1,44%. Na Bolsa de Londres, os ganhos foram de 2,52%.
Além do recuo no valor do petróleo, o setor financeiro respirou e deu ânimo às Bolsas. Os rumores de que um banco sul-coreano poderia adquirir o Lehman Brothers -uma das instituições financeiras que mais sofreram na crise das hipotecas- levaram investidores a aplicar em ações bancárias.
Os papéis do Lehman Brothers fecharam com valorização de 5,03% em Nova York. Logo atrás apareceram as ações de Morgan Stanley (4,94%), Bank of America (4,03%) e JPMorgan Chase (3,89%).
O discurso de Ben Bernanke, presidente do Fed, também favoreceu o dia de ganhos lá fora. Apesar de ressaltar que as previsões para a inflação no país são incertas, Bernanke afirmou que um arrefecimento nos preços pode ser sentido ainda neste ano. Se a ameaça inflacionária perder força, o Fed pode não se ver obrigado a elevar os juros tão cedo.
Uma melhora mais consistente no humor internacional pode ajudar a Bovespa a se recuperar. Como os investidores estrangeiros respondem por 35% das operações da Bolsa, a saída de capital externo tem derrubado o mercado acionário local. Segundo operadores, a saída de capital externo se estabilizou nos últimos pregões. E isso ajudou que as gigantes Petrobras e Vale conseguissem se destacar na semana. Os papéis das companhias ficaram entre as dez maiores altas do período.
A ação PN da Petrobras encerrou a semana com alta de 8,01%, e a ON subiu 7,64%. O papel Vale PNA avançou 6,72%.
"A volatilidade não ficou para trás. O ambiente de incertezas continua. Não vejo um fim próximo para a crise internacional", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. Dos 66 papéis que formam o índice Ibovespa, 39 subiram na semana. Aos 55.850 pontos, a Bolsa ainda está com queda de 6,14% no mês e de 12,58% em 2008.


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