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REESTRUTURAÇÃO
Novos fundos de investimento chegam ao mercado em busca de oportunidades de negócios
Crise favorece a compra de empresas
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
A atual onda de desconfiança na
economia brasileira está favorecendo uma indústria financeira
ainda incipiente mas em plena ascensão no país: fundos de investimentos que compram participações em empresas para vender
depois.
Esses fundos são geridos por
administradoras de recursos ou
bancos de investimento e ficam
nas empresas por um prazo de
cinco a dez anos. Pelo menos cinco fundos estão no mercado com
alguns milhões de reais em busca
de oportunidades.
O objetivo desses fundos é entrar de sócio em empresas, ajudá-las a se reestruturar (participando
da gestão) e, ao fim do tempo previsto, vender o negócio para um
sócio estratégico, quando a operação deverá render algum lucro
para os cotistas.
A crise está estimulando a formação dessa indústria no Brasil
porque, acreditando que ela seja
passageira, os investidores têm a
chance de comprar negócios "baratos", explica Maria Amalia
Coutrim, diretora do CVC/Opportunity, que tem o Citibank como parceiro e já atraiu R$ 2 bilhões para o país dessa forma.
De 97 para cá, o CVC/Opportunity comprou seis empresas, entre elas o Metrô do Rio, a Telemig
Celular e a Tele Centro Sul.
O Opportunity está lançando
dois novos fundos: o CVC/Opportunity 2, para empresas de infra-estrutura, Internet e saúde, e o
NG-9, cuja missão será a recuperação de marcas.
O grupo pretende captar R$ 500
milhões no país e US$ 500 milhões no exterior para entrar em
novos negócios. O investimento
só acontece quando todos os cotistas aprovam o destino dos seus
recursos, diz Maria Amalia.
No mercado, esses fundos são
chamados de "private equity"
(expressão em inglês para ação
privada). Os cotistas são formados por fundos de pensão, empresas de participações, como a
BNDESpar, e até pessoas físicas.
O diretor-executivo dessa área
do banco Santander, José Eduardo Martins, concorda com a tese
de que a crise ajuda a "vender" as
oportunidades de investimentos
temporários no país.
O Santander lançou um fundo
de "private equity" local em setembro de 98, pouco antes da crise de outubro, que afundou o país
numa entressafra de investimentos externos.
O fundo tem R$ 200 milhões
para investir em empresas, poderá ser majoritário ou não, e deverá tirar seus escolhidos dos ramos
de serviços (o que inclui saúde),
varejo e entretenimento. Segundo Martins, o fundo está perto de
fechar seu primeiro projeto.
O precursor dessa estratégia de
investimento no país é o banco
Garantia, cujos sócios fundaram
o GP Investimentos -hoje independente-, que responde pelos
poucos casos de sucesso de "private equity" no Brasil, entre os
quais a compra e a posterior venda da Multicanal (empresa de TV
a cabo) para a Globo Cabo, em
dezembro de 97.
O banco Bozano, Simonsen tem
fundos voltados para empresas
de médio porte, mas prefere não
interferir na gestão. Para isso, seleciona empresários com nome
no mercado, diz Marcos Rechtman, diretor-executivo da área.
O Bozano tem um fundo de R$
40 milhões investidos em seis empresas e prepara o lançamento de
um novo, também de R$ 40 milhões, cujas apostas estão voltadas para as seguintes áreas: serviços, Internet, esporte e consolidação empresarial (ou fusões).
O Pactual Electra, uma empresa
do banco Pactual e do fundo inglês Electra Fleming, tem US$ 100
milhões à espera de bons negócios. O Pactual Electra está no
controle compartilhado da Flumitrens, companhia fluminense
de transporte ferroviário urbano,
privatizada em 98.
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