São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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TRABALHO

Empregado de autopeças não obteve proposta de reajuste do Sindipeças e 60 fábricas devem parar na sexta por uma hora

Metalúrgico da Força ampliará paralisação

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem proposta de reajuste salarial, os metalúrgicos da Força Sindical decidiram ampliar a paralisação na sexta-feira, prevista inicialmente nas fábricas do grupo 10 (lâmpadas, aparelhos elétricos, funilaria, entre outras), para empresas do setor de autopeças.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo deve divulgar hoje lista com o nome de 60 fábricas, com cerca de 30 mil trabalhadores, que vão parar por uma hora.
A decisão foi anunciada ontem após a primeira rodada de negociação entre representantes do Sindipeças (sindicato das autopeças) e da comissão negociadora dos metalúrgicos. A comissão representa 49 sindicatos ligados à Força e 700 mil metalúrgicos no Estado de São Paulo.
"Os empresários apresentaram um calendário para negociar até 13 de novembro. Não vamos chegar até lá discutindo", disse Eleno José Bezerra, secretário-geral do sindicato.
Na pauta dos metalúrgicos estão reajuste salarial de 15% -inclui reposição da inflação acumulada nos últimos 12 meses e aumento real de 5%-, redução da jornada de trabalho e aumento do piso salarial para recompor perdas de 13,7% desde o Plano Real.
"Escolhemos parar as fábricas que pertencem aos empresários com maior influência nas negociações salariais", disse o sindicalista. Se as negociações não forem encerradas no dia 30 deste mês, a Força ameaça greve por 24 horas em indústrias das zonas oeste e norte da capital. No dia 1º de novembro, a paralisação deve atingir as fábricas das zonas leste e sul, Grande São Paulo e interior.
A Folha apurou que as paralisações também fazem parte da estratégia da central de recuperar o desgaste no primeiro turno das eleições. Além de Paulo Pereira da Silva, candidato a vice na chapa de Ciro Gomes (PPS), não se eleger, vários sindicalistas da Força também foram derrotados nas urnas.

Só a inflação
Para empresários do setor de autopeças, a decisão de conceder aumento real está praticamente descartada. "A CUT negociou em 2000 com as montadoras a reposição integral da inflação, pelo INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor], por dois anos. Esse deve ser o parâmetro para as nossas negociações", disse Drausio Rangel, coordenador do Sindipeças nas discussões salariais.
"A Força está fazendo exigências, mas o fato é que o setor não tem como conceder aumento real", disse Rangel. As autopeças trabalham com ociosidade de 37%, diz, e 3.200 empregados foram demitidos desde setembro de 2001 até o mês passado.


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