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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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COMÉRCIO MUNDIAL

Mercado aberto é uma rua de mão dupla, afirma Zoellick

EUA aumentam pressão sobre China

Guang Niu/Reuters
O representante de Comércio dos EUA, Robert Zoellick, concede entrevista coletiva em Pequim


DA REDAÇÃO

A China vai ter que abrir mais o seu mercado para os produtos americanos se quiser continuar exportando para os Estados Unidos. Esse foi o aviso dado ontem pelo responsável pelo comércio exterior dos Estados Unidos, Robert Zoellick, na China, ao dizer que liberalização comercial tem de ser uma "rua de mão dupla".
"Acredito em mercados abertos e acho que o mercado norte-americano deve permanecer aberto, mas o único modo pelo qual podemos manter os mercados abertos é se os exportadores americanos tiverem uma oportunidade de exportar para cá", disse Zoellick em uma entrevista coletiva em Pequim (China).
Reforçar a pressão sobre o cumprimento das normas da OMC (Organização Mundial do Comércio), à qual a China se juntou em 2001, seria o caminho mais fácil para o governo de George W. Bush mostrar progresso em relação à China. Várias autoridades americanas, entre elas Bush, já exigiram que a China deixe a sua moeda, o yuan, flutuar livremente. Na visão dos americanos, ao manter a moeda artificialmente subvalorizada, os produtos chineses ficam muito baratos. Com isso, tomam espaço dos produtos americanos nos mercados externos e também dentro dos EUA.
A indústria americana, um dos setores que têm apresentado maior dificuldade de recuperação, diz que a política cambial chinesa é um dos entraves para seu reaquecimento.
O déficit comercial com a China é uma preocupação para o governo americano. Enquanto o déficit comercial geral dos EUA caiu em agosto ao menor nível em seis meses, com a China ele foi recorde -US$ 11,7 bilhões.
O dado esquentou as discussões nos EUA. Para alguns políticos americanos, a China não está cumprindo os compromissos que assumiu quando ingressou na OMC. Já há no Congresso americano vários projetos para elevar as tarifas de exportação dos produtos chineses, caso o país asiático não mude sua política cambial.
O governo chinês se defende. Mostra as leis de liberalização do mercado que já foram aprovadas com o objetivo de ajustar a economia do país às exigências da OMC. Admite que tem problemas com pirataria de produtos, mas afirma que está combatendo a prática. Autoridades chinesas já afirmaram que admitem também aumentar flexibilizar a política cambial. Não quiseram, porém, definir prazos para as mudanças.
O assunto foi pauta das conversas ontem. "Em várias conversas que tive hoje [ontem], as pessoas confirmaram que a China busca um sistema de câmbio flexível."

Com agências internacionais


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