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SOBRE A MESA
Variedades mais caras representam quase 20% do mercado da bebida nos EUA, de US$ 5 bilhões em 2003
Empresas buscam vender chá como novo estilo de vida
ELIZABETH OLSON
DO "INDEPENDENT"
Se você amava chá uma década
atrás, podia comprar sacos de chá
Lipton em uma caixa vermelha e
amarela no supermercado. Ou, se
desejasse algo diferente, poderia
escolher o Constant Comment, de
sabor mais pronunciado, da Bigelow, ou um chá Twinings.
Hoje, porém, os consumidores
de chá escolhem entre centenas
de variedades de chás verdes, chás
pretos exóticos e talvez até mesmo chás vermelhos e chás brancos -e é possível que tenham
acumulado estoques de algumas
dessas especialidades.
O chá se tornou tão popular que
começou a ser chamado de "novo
café". Ainda que o chá não deva
ultrapassar o café como bebida
quente preferida dos Estados
Unidos, em curto prazo, suas vendas estão disparando, e as distribuidoras de café começam a prestar atenção. No ano passado, os
consumidores norte-americanos
gastaram US$ 5 bilhões em chá,
cinco vezes mais que na década
passada, mas ainda bem abaixo
dos US$ 20 bilhões gastos em café,
de acordo com números do setor.
Boa parte do chá vendido é das
variedades mais caras. Bem mais
de cem empresas nos EUA vendem chá no momento, on-line,
por reembolso postal ou no varejo, aproveitando a disposição dos
consumidores de pagar preços
elevados por chás de grife, cujas
vendas subiram para o recorde de
US$ 923 milhões no ano passado.
Isso equivale a quase 20% das
vendas totais de chá.
A imagem conservadora do chá
-damas saboreando a bebida refinadamente, em xícaras de porcelana- foi abalada, sem nenhuma cerimônia, pela Starbucks,
quem diria. Em 1999, a cadeia de
cafés começou a oferecer chás da
Tazo, uma subsidiária da Starbucks e da Kraft Foods, sob o slogan "a reencarnação do chá". Logo, as lojas da rede começaram a
oferecer muitas das marcas mais
tradicionais, como Lipton, Twinings e Bigelow, e até mesmo chás
da Celestial Seasonings, distribuidora de chás de ervas e parte do
Hain Celestial Group.
A Tazo e a Republic of Tea são
duas das marcas mais conhecidas
entre as que aproveitam a nova
tendência.
As companhias de chá dizem
que recursos fantasiosos de marketing visam atingir a proporção
estimada em 30% da população
adulta identificada pelos pesquisadores como disposta a pagar
mais caro pelo que entendem como produtos mais saudáveis.
Uma dessas pessoas é Sharon
Bower, diretora associada do centro de formação de empreendedores na Escola John Cook de Administração de Empresas, parte
da Universidade de St. Louis. Ela
começou a beber chá da Republic
of Tea há seis ou sete anos.
"Gosto da bebida, emocionalmente", disse. "O mundo é desgastante, e não acredito em café
como maneira de me acalmar.
Gosto de me sentar com meu chá,
é uma espécie de ritual, que me
coloca em estado de espírito diferente", afirmou.
Osvaldo Ortega Chinea, que bebe chás da Adagio Teas, uma distribuidora on-line, diz que a bebida tem "fragrância variada e um
sabor mais sutil" que o café e o
ajuda a relaxar depois do trabalho
como professor em uma escola de
segundo grau em Nova Orleans.
Os fabricantes de chás especiais
também apontam para conexões
entre a produção orgânica e a
conservação de recursos naturais.
A Republic of Tea e outros distribuidores empregam saquinhos
de chá produzidos sem alvejantes
e desprovidos de fios, grampos e
etiquetas. Marcas como a Tazo
convidam os usuários a reciclar as
embalagens. A consciência social
é parte da atração. A Tazo ajuda
comunidades rurais em Darjeeling, Índia, e a Republic of Tea doa
fundos a uma fundação de combate ao câncer de mama e a um
grupo ambiental.
Os consumidores de chá podem
estar pagando mais, mas os distribuidores de chá de alta qualidade
alegam que o produto que recebem é superior. Os puristas promovem o chá a granel, dizendo
que o gosto é melhor, e muitos
dos distribuidores usam seus sites
para informar aos consumidores
sobre as melhores maneiras de
preparar o chá.
Tradução de Paulo Migliacci
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