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DIAGNÓSTICO & RECEITA
Renúncia infamante
OSIRIS LOPES FILHO
O saco de maldades aberto
pelo presidente FHC vai desnudando o caráter entreguista, antipopular e incompetente do seu governo, sempre ávido de cativar o capital estrangeiro, inclusive o especulativo.
Na hora da crise, as medidas
procuram socializar os prejuízos decorrentes de sua política
desnacionalizante, apenando
as vítimas de sempre, numa
perversão e crueldade inalcançadas nem sequer pela ditadura militar: o povão trabalhador, a classe média e as
empresas nacionais.
Há algum tempo, mediante
o art. 10 da lei nš 9.249, de 26
de dezembro de 1995, por proposta do governo FHC, foi alterada a sistemática de tributação das remessas de lucros e
dividendos para o exterior.
O dispositivo, no seu final,
estabelece que os lucros e dividendos não ficarão submetidos à incidência do Imposto
de Renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do
Imposto de Renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliada no exterior.
A lei elaborada pelo governo
FHC extingue a tributação sobre as remessas ao exterior de
lucros e dividendos, obtidos
no país e destinados às pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no estrangeiro.
É um tratamento benéfico,
que se caracteriza por excessiva generosidade e desprendimento. Não só se favorece o
beneficiário da remessa no exterior. O grave e absurdo é que
se transfere arrecadação tributária para os países do Primeiro Mundo.
Nos tratados para evitar a
dupla tributação internacional (o Brasil é signatário de
mais de 20), para viabilizar o
fluxo financeiro entre países
carentes de capital e emprestadores de recursos, se prevê
que o imposto pago na fonte
produtora de rendimentos
constitui crédito no país receptor das respectivas remessas remuneratórias do capital.
Não tem sentido financeiro
que o Brasil, carente de arrecadação, deixe de receber o
imposto aqui, possibilitando
que o país do capital faça a
arrecadação integral. Trata-se de uma renúncia tributária que foge à racionalidade. Entre dividir a receita tributária, o governo FHC prefere atribuí-la, na totalidade,
aos governos dos países ricos.
O tempo, diz o governo, é de
aumentar a arrecadação. Para tanto se eliminam os drenos tributários, aumenta-se a
carga da população, reduzem-se incentivos, isenções e
benefícios das empresas nacionais. É hora de eliminar
essa renúncia vergonhosa que
ofende a inteligência e o interesse nacional.
Osiris de Azevedo Lopes Filho, 58, advogado, é professor de Direito Tributário da
Universidade de Brasília e ex-secretário da
Receita Federal.
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