São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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Saque em massa forçaria fechamento de bancos

DE BUENOS AIRES

Alejandra López, 39, professora de espanhol em Buenos Aires, tem cerca de 50 mil pesos presos no "corralito". Uma vez a cada 15 dias a professora vai com um grupo de poupadores à agência central do BankBoston. "Armados" de martelos, panelas e apitos, o grupo faz protestos que sempre duram toda a tarde, como outras dezenas de grupos que fazem o mesmo por toda a cidade.
O que vai fazer agora que os recursos estão liberados? "Não sei. A nossa luta é por recuperar os dólares. Nós depositamos dólares. Mas acho que vou colocar o dinheiro num aplicação de prazo fixo, é o que todos estão fazendo", responde Alejandra.
Ninguém arrisca prever o comportamento dos milhares de correntistas que, como Alejandra, poderão sacar suas economias presas há quase um ano. Mas a equipe econômica parece acreditar que a maioria fará como ela: deixará o dinheiro nos bancos.
Se os argentinos o fizerem, a economia argentina recobrará parte da normalidade que havia perdido desde o ápice da crise, no final do ano passado. Caso contrário, o governo terá dado um tiro pelo culatra. Se houver uma corrida bancária ou se os argentinos resolveram que querem seus dólares, não pesos, os bancos provavelmente serão obrigados a fechar, e o governo terá que lidar, novamente, com milhares de argentinos exigindo seu dinheiro.
Foi isso que ocorreu há uma semana, quando um juiz ordenou a liberação de recursos de vários correntistas na cidade de Mar del Plata. Os correntistas obstruíram as ruas e correram aos bancos, que ficaram vários dias fechados.


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