São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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AVIAÇÃO

Assembléia reprova escolha de alguns credores para receber US$ 118 mi

Fundação rejeita acordos da Varig

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A administração da Varig e a Fundação Ruben Berta, controladora da empresa, entraram ontem em rota de colisão quanto ao destino da companhia aérea.
Uma assembléia geral extraordinária da fundação rejeitou, em Porto Alegre, os entendimentos que a Varig tem feito com os credores e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para recuperar suas finanças.
O presidente da Varig, Arnim Lore, tem buscado um acordo com os credores da companhia, que têm a receber US$ 900 milhões, e com o BNDES para conseguir uma injeção de US$ 500 milhões na companhia.
Os conselheiros da fundação discordaram ontem do acordo de pagamento de US$ 118 milhões para os credores. Criticaram a escolha de apenas algumas empresas para receber o dinheiro, e afirmaram não haver nenhuma garantia de que o BNDES colocará recursos na companhia.

Disputa interna
A decisão é um duro golpe nos planos de Lore de tentar levantar a Varig e indica a existência de sérios conflitos entre a empresa e a fundação. A maior disputa é travada entre Lore e Yutaka Imagawa, presidente da fundação.
Imagawa era vice-presidente da Varig até agosto deste ano, quando Lore fez um acordo com credores como o Unibanco, BR Distribuidora, Banco do Brasil e Infraero. Uma das exigências dos credores era a substituição de toda a diretoria da Varig. Determinação que Lore cumpriu.
Desde então, as relações entre Imagawa e Lore se deterioraram. A fundação tem insistido na criação de um Programa de Recapitalização da Indústria Brasileira de Transporte Aéreo, que receberia US$ 2, 2 bilhões do governo federal. Defende que US$ 607,5 milhões sejam destinados à Varig.
Segundo a Folha apurou, Imagawa pretende rever as negociações da Varig, o que pode dificultar os entendimentos com o BNDES e os credores. O BNDES declarou ontem que pretende apresentar sua posição final sobre o projeto de reestruturação da Varig até o dia 30.
A fundação rejeitou o pagamento de US$ 118 milhões para parte dos credores até o final deste mês. Lore já contava com um atraso no pagamento da dívida. Segundo a fundação, o veto ao programa de reestruturação tem como objetivo preservar o patrimônio da Varig.


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